sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Arte de Roubar (2008)

Arte de Roubar de Leonel Vieira foi um daqueles filmes portugueses que gerou uma imensa polémica não só pelas cenas de acção que eram uma cópia feita por baixa dos filmes do Tarantino, mas especialmente por ser um filme português falado em inglês.

Quanto à primeira parte desta crítica, se há algo que em nada me incomoda no filme é o poder ser uma cópia mais ou menos barata do Tarantino. Também ele se inspirou, e inspira, em tantos mestres do cinema e em tantos géneros cinematográficos que seria por demais redutor considerar a sua obra uma cópia mais cara e mais elaborada de outros tantos filmes que já haviam sido feitos. Como tal no que a isto diz respeito considero o Arte de Roubar um interessante filme de entretenimento que distrai durante toda a sua duração e que consegue curiosamente entregar um ou dois momentos de comédia ligeira e despreocupada.
Surpreendi-me no entanto com o fraco aproveitamento dado à Soraia Chaves. Pensei que este filme fosse na onda do Call Girl e fosse explorá-la ao máximo mas afinal isso não aconteceu. E gostei da dupla de protagonistas composta pelo Ivo Canelas e pelo Enrique Arce. Funcionaram bem e conseguem entregar dois desempenhos agradáveis para o estilo de filme que é.
Também gostei do cenário alternativo em que o filme foi feito. Meio interior, bares obscuros... herdades de famílias ricas... foi interessante e o argumento bem aproveitado. Não se leia com isto brilhante, porque não o é, mas novamente digo, para o estilo de filme em questão acho que o trabalho foi bem conseguido.
No entanto, e como nem tudo são rosas vermelhas, penso que o filme tem um defeito/erro/problema fundamental e esse passa pelo facto de ter sido filmado/falado em inglês. Não que isso por si constitua um problema pois não o é, mas considero que se tivesse sido feito em português e castelhano teria saído muito mais a ganhar e conseguiria juntar à sua já existente dinâmica uma credibilidade maior às personagens e para que nós, o público, conseguissemos simpatizar mais com elas. Penso que este factor conseguiu não o inverso mas, no entanto, não nos permitir criar alguma empatia pelas mesmas. Ao mesmo tempo este simples factor conseguiria aproximar não só o público português de um cinema mais comercial mas também o cinema português ao nosso vizinho espanhol. Chamem-me tolo mas...
Não há que ter medo de arriscar e acho que o Arte de Roubar conseguiu abrir uma porta a outras produções do género. Quem sabe com argumentos mais sólidos e consistentes e com desempenhos mais trabalhados (não colocando nenhum defeito aos presentes neste filme atenção), e de facto espero que o próximo (a haver) traga a novidade de ouvirmos os nossos actores a falarem em português e a trazer alguns dos nossos vizinhos de Espanha... pois que falem na sua maravilhosa língua que por cá lá a vamos entendendo até francamente bem. Aposto que com isto a possibilidade de um maior intercâmbio entre os actores de ambos países pode até vir um dia a ser frequente e muito proveitosa.
Vale a pena dar uma vista de olhos a este filme. Tenho a certeza que com uma mente bem aberta não o julgarão tão mau quanto aquilo que alguns por aí andaram a pintar.
Numa pequena nota marginal... Não acho exagerada a nomeação que o Ivo Canelas teve ao Globo de Ouro de Melhor Actor este ano. Pela inovação do tipo de filme acho que foi merecida no entanto não seria para a vitória.




6 / 10


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