quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Elf (2003)

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Elf - O Falso Duende de Jon Favreau leva-nos ao domínio da comédia de Natal pelas mãos de Will Ferrell e de James Caan contando também com a participação num papel secundário de Mary Steenburgen.
Anos depois ter sido levado por engano pelo Pai Natal durante a sua distribuição de presentes Buddy (Ferrell) descobre que é grande demais para ser elfo. Ao perceber que afinal provém de outro local que não o distante Polo Norte, Buddy embarca numa viagem até Nova York, onde poderá encontrar o seu pai (Caan).
Perdido num mundo que não é o seu e exuberante para a vida no dito "mundo moderno", conseguirá Buddy conquistar um pai que não o conhece e manter-se fiel aos seus princípios?
Com os desempenhos apropriados - e eventualmente esperados - para um filme de época natalícia, pouco aprofundados quanto a motivações (para lá das óbvias) e onde o mais áspero dos corações irá amolecer face ao sentimentalismo do momento em que tudo ganha uma nova perspectiva, Elf é um tradicional filme de fim-de-semana que não irá muito para lá do esperado entretenimento familiar a que se propõe (filme e espectador).
Se começamos por ser inseridos no meio de um Polo Norte e respectiva fábrica de brinquedos que preenche o imaginário de qualquer criança em época natalícia e onde todos são suficientemente generosos e amáveis para ficar nas boas graças de um Pai Natal (Ed Asner) que é solidário mas assumidamente casmurro, não deixamos de ter, por outro lado, o ambiente nocivo e onde todos se tornam adultos por vezes cedo demais como aquele que Nova York representa como a dura e fria realidade da vida. Se as personagens desse Polo Norte eram bondosas e solidárias, aqui temos a arrogância desse mundo moderno onde tudo é descrente e espera por apedrejar socialmente aqueles que não aguentam a pressão... ou, por outras palavras, chegámos à terra onde só sobrevivem aqueles que a ela se adaptam.
Divertido por momentos, tenta ser terno por outros... Instiga ao romance de ocasião entre duas personagens que são assumidamente disfuncionais e bem disposto graças a uma comédia agradável e quanto baste descontraída fazem deste Elf o tal filme ligeiro que sem grandes pretensões proporciona agradáveis momentos de uma ingenuidade sem pretensões.
Will Ferrell, um "habitué" do género que pelas suas carismáticas interpretações over the top conquista o seu público e ainda que esta não seja a sua personagem mais memorável - o "Mugatu" de Zoolander (2001) ainda detém (para mim) esse título - consegue com o seu "Buddy" levar o espectador a um lado "bom" de um humor naïf e sem pretensões com a mensagem de uma possível (ou assim se espera) fraternidade entre a comunidade que ultrapasse os dias frio de um sempre presente Inverno.
Mas, se a interpretação de Ferrell consegue ser um espelho daquilo que ele é (?!), não deixa de ser também um reparo aos demais actores que parecem meros figurantes desta longa-metragem onde apenas ele se destaca, independentemente de todos os demais serem veículos para as suas acções, propósitos e missões. No fundo, ainda que todos sejam indispensáveis para que "Buddy"... "funcione"... o espectador questiona-se sobre até que ponto eles demonstram o potencial das suas respectivas personagens sendo o "Walter" de James Caan disso exemplo ao mudar sucessivamente de pensamento e vontades em relação ao seu agora recém descoberto filho... ora "te desprezo"... ora "te odeio"... ora "agora descobri que afinal te amo".
Ligeiro, com apontamentos divertidos e alguns momentos capazes de fazer o espectador sorrir, Elf é o exemplo perfeito de uma época natalícia porvir sem que, no entanto, se consiga colocar entre as obras de referência da referida época sejam elas de comédia... ou não.
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6 / 10
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