sábado, 17 de julho de 2010

Boys on the Side (1995)

Homens à Parte de Herbert Ross é um brilhante e fantástico filme que conta com um trio feminino protagonista de luxo: Whoopi Goldberg, Mary-Louise Parker e Drew Barrymore.

Jane (Goldberg) é uma cantora em bares que quer mudar de vida e como tal procura alguém que a acompanhe e partilhe despesas de viagem rumo a outra cidade. O seu pedido é atendido por Robin (Parker) uma mulher reservada e demasiado controlada que, à partida, nada tem a ver com a personalidade de Jane.

Pelo caminho encontram-se com Holly (Barrymore) amiga de Jane que vive uma relação claustrofóbica de onde não consegue sair.

Evitando detalhes desnecessários sobre a restante história que poderão estragar a curiosidade de quem nunca viu este filme, aquilo que logo à partida posso dizer sobre este filme é que tem um trio fantástico de actrizes que se complementam entre si.

Qualquer uma delas começa a sua viagem emocionalmente reprimida e afastada de qualquer ligação saudável para com outro ser humano. Jane percebemos estar sentimentalmente magoada e retraída enquanto que Robin está psicologicamente (pensamos nós) abatida e desgastada.

Esta viagem é assim vista por todas como uma forma de se afastarem dos locais que até à data foram tóxicos e nocivos para as suas vidas e para os seus seres. Uma viagem para se afastarem das vidas que tiveram. Das mágoas que aos poucos se foram apoderando das suas vidas e dos problemas e situações que foram limitando os percursos e os sonhos que tiveram.
Ao estilo de road-movie, mas de qualidade, assistimos então à partilha, amizade e cumplicidade que nasce aos poucos entre estas três mulheres que as faz não só começarem a gostar umas das outras como confiam em si as suas próprias vidas e os seus segredos mais profundos. Aqueles que poderiam abalar a vida de qualquer um. Aqueles segredos que todos prefeririam guardar e esquecer.
À medida que se aproximam do seu destino planeado, nunca lá chegando sequer, as fragilidades começam a afectá-las de uma forma muito forte e marcada. É neste ponto que se vão deparar com todos os testes e provas que irão pôr em causa tudo aquilo que construiram anteriormente. Serão assim tão fortes os laços que criaram?
Um dos factores mais fortes dete filme (sim, um dos pois eles são inúmeros) é a fantástica banda-sonora que tem. Composta por David Newman encontramos então acordes melodiosos e serenos ao mesmo tempo que escutamos temas que fizeram história por todas as rádios mundo fora. Um desses temas faz parte daquele que é possivelmente o momento mais emocionante e tocante de todo o filme (que também sim... são muitos). Momento esse que dispensa qualquer tipo de comentário extra e que aqui deixo para aqueles que quiserem assistir...


Depois deste breve mas intenso momento há também que falar de um brilhante argumento da autoria de Don Ross. Uma história que versa tantos importantes temas como a amizade, a dedicação e para mim aquele que é talvez o mais significativo que consiste no facto da família, da verdadeira família... Aquela que criamos com a vida e o passar dos tempos... Essa que surge das pessoas mais inesperadas... nos momentos mais "impossíveis"... das situações menos calculadas. Este sim, um dos pontos muito fortes de toda a história. Aquele que pelo menos a mim me marcou com maior intensidade.

É impossível falar de um bom filme sem falar de um bom conjunto de actores. Aqui então é indispensável referir estas três mulheres como capazes de suportar todo um filme que por si só já é 5 estrelas. Whoopi Goldberg mostra aquilo que qualquer um de nós que a acompanha desde os idos anos de Uma Mulher dos Diabos, sabe. Esta mulher é um símbolo. Um marco. Um monumento vivo da interpretação. Uma força viva da natureza. Intensa. Dramática. Cómica. Forte. Potente. Tantos são os adjectivos que a podem caracterizar. Tantos...

E não está só. Tem uma Mary-Louise Parker felizmente devidamente aproveitada para um papel feito ao seu nível, e que o consegue agarrar com unhas e dentes mostrando com ele todo o seu potencial. E finalmente impossível não mencionar Drew Barrymore e aquele que foi possivelmente o seu primeiro grande papel dramático (ok ok... meio cómico também) após uma longa e árdua travessia no deserto.

Sem qualquer sombra de dúvidas este filme marca o percurso destas três grandes actrizes e não seria imaginável existir sem qualquer uma delas. Elas completam-se e complementam-no na perfeição. Um filme tocante e dono de uma sensibilidade extrema digna de ser apreciada.


"Elaine: I do the best I can, honey. I know it's not enough and I'm sorry. But that's what you get in life, you know? You get whoever you end up with. Whoever is willing to stick by you, and fight for you, when everyone else is gone. And it ain't always who you expect. But you just have to make do."

10 / 10

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