sexta-feira, 19 de novembro de 2010

The Lovely Bones (2009)

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Visto do Céu de Peter Jackson era o filme muito aguardado do realizador neo-zelandês e que conseguiu reunir um elenco de luxo onde se destacam as presenças de Mark Wahlberg, Rachel Weisz, Susan Sarandon, Stanley Tucci, Michael Imperioli e Saiorse Ronan.
Este filme conta a história da família Salmon, e em especial a de Susie (Ronan), uma das filhas do casal Jack e Abigail (Wahlberg e Weisz) que é morta por George Harvey (Tucci), um predador seu vizinho. A sua história não termina por aqui. Após o seu assassinato Susie continua a acompanhar a vida da sua família e como ela se vai destruindo pela ausência de um desfecho para o seu caso, e acompanha especialmente a sua irmã Lindsey (Rose McIver), pela qual George começa a nutrir uma especial atenção.
Nunca é demais referir que Visto do Céu é logo um atractivo para qualquer apreciador de cinema se considerarmos logo à partida o seu elenco. Saoirse Ronan, talvez a mais desconhecida de nós mas já nomeada a um Oscar como actriz secundária pelo seu desempenho em Expiação, tem uma vibrante e emocionante interpretação dramática como vítima de um predador que a assassinou. A sua prestação enquanto Susie Salmon demonstra a angústia de uma jovem que vivia a sua entrada na adolescência onde esperava pelo seu primeiro amor, aqui interpretado por Reece Ritchie, e também a vida de uma adolescente no seio de uma típica família que poderia ser de qualquer parte do mundo.
Stanley Tucci, que teve aqui a sua primeira nomeação a Oscar de Actor Secundário, tem um excelente desempenho como o vilão de serviço. Normalmente habituado a vê-lo a desempenhar personagens simpáticas ou vilões mais "cómicos", este trabalho, que acrescento lhe assentou que nem uma luva, foi no mínimo surpreendente e medonho. Muito ao estilo do que aconteceu com Anthony Hopkins n'O Silêncio dos Inocentes, simpatizamos tanto com o actor que nem mesmo o papel como vilão nos faz gostar menos dele.
A finalizar o elenco temos Susan Sarandon, Rachel Weisz e Michael Imperioli que têm desempenhos sólidos e credíveis no filme. Sarandon como a avó que tenta manter a família unida depois da morte da sua neta. Weisz como a mãe que não consegue aguentar a pressão do que se passa à sua volta e "foge" da família durante uma longa temporada e Imperioli como o detectiva que investigou o assassinato, compondo eles os elos que dão continuidade à vida e aos problemas que atravessam todos os membros desta família.
Finalmente a grande surpresa vem de Mark Wahlberg que nos entrega o desempenho mais dramática e sentido do filme como o pai de Susie que simplesmente entra em colapso por tentar a todo o custo investigar a morte da filha para além daquilo que a própria polícia tenta e faz. Não será um desempenho maior da sua carreira mas pelo menos mostra uma sua nova faceta para além do habitual "mau da fita".
Além de ter um fabuloso elenco onde se destaca este conjunto de actores que dão o seu melhor, e menos não seria de esperar, este filme reune ainda um fantástico conjunto de efeitos visuais que o tornam não só um magnífico filme dramático como também uma excelentemente bem executada explosão de cor e de movimento.
Todos os segmentos que acompanham a vida para além da morte de Susie Salmon são no mínimo magníficos. A explosão entre cores fortes e vivas que a guiam para a aceitação da sua nova condição em contraste com as cores nocturnas e mais pesadas reflexo dos seus sentimentos de pesar e de incapacidade de auxiliar a sua família a poder prosseguir com a sua vida são dos momentos mais felizes e bem conseguidos de todo o filme.
O único factor menos positivo, e que nem é culpa deste filme, é o facto de se aguardar que fosse outro Senhor dos Anéis, considerando que o realizador é o mesmo. Talvez esse aspecto tenha desiludido algumas pessoas que esperavam outro épico quando, na realidade, este filme prende-se mais com aspectos dramáticos e com a sobrevivência de uma família para além da morte de um dos seus, mais concretamente pela morte de um elemento que daria continuidade à própria família. E tudo isto visto do céu, pelos olhos daquela que partiu.
Temos então não um épico mas um filme íntimo, dramático e cheio de sentimentos e emoções que só a verdadeira família poderá na realidade sentir. Imperdível e talvez das obras maiores e melhor de Peter Jackson.
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"Susie Salmon: I wasn't lost or frozen, or gone... I was alive; I was alive in my own perfect world."
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8 / 10
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