sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Fogo & Prata (2013)

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Fogo & Prata de Afonso Nunes é uma curta-metragem portuguesa de ficção que nos insere num mundo de fantasia que num ambiente muito semelhante ao medieval nos apresenta Ignis (Diana Santos), uma jovem simpática e comunicativa que se sente sózinha e sem ninguém com quem partilhar a sua boa disposição.
Toda a sua comunidade é pouco participativa e fechada no seu próprio espaço, impedindo com que a jovem Ignis encontre outros que, como ela, queiram conhecer um pouco mais do mundo imediato e levado-a a encontrar refúgio no topo de uma pequena colina onde desabafa para as estrelas e para o céu sempre a fitar a lua.
É numa destas viagens escondidas rumo à colina que Ignis conhece Argentum (André Figueira), um jovem rapaz que, tal como ela, se assemelha a um espírito livre e que misteriosamente parece conhecê-la muito bem assim como a todos os segredos que ela jamais havia confessado a alguém.
Apesar de denotar vários elementos de um Stardust de Matthew Vaugh nomeadamente no que diz respeito à paixão de um terrestre inadaptado ao seu meio, aqui "Ignis", o fogo pela sua vivacidade, por uma entidade extraterrestre que inicialmente não revela a sua identidade, neste filme através da personagem "Argentum/Lua", a prata pela sua palidez e necessidade de viver uma vida diferente com outra identidade que lhe permita relacionar-se com a sua alma gémea, ou mesmo pelo próprio espaço temporal que se assemelha a uma Idade Média com tiques de excentricidade, Afonso Nunes escreve um argumento daquele que pode ser considerado um moderno conto medieval ambientado num mundo de uma estranha e invulgar fantasia à qual não estamos familiarizados no cinema português, e que nos mostra assim a potencialidade do género ainda por explorar, ao mesmo tempo que estamos frente a uma história que pela magia e fantasia do seu conteúdo, nos fala sobre uma invulgar história de amor onde os dois intervenientes encontram na sua impossibilidade de ter a sua alma gémea, um por ser o único da sua "espécie" e o outro por viver num lugar onde a comunicabilidade é inexistente, conseguem encontrar-se e ver um no outro o par que sempre procuraram para colmatar a sua solidão.
Não sendo este anterior aspecto um factor negativo, bem pelo contrário pois abre portas para um género cativante e sem grande história a nível nacional, o aspecto mais frágil desta curta-metragem prende-se com as suas interpretações. Não por serem negativas, porque na prática são fiéis ao género e à energia que se espera das suas personagens, mas sim por não serem espontâneas e por denotarem uma excessiva teatralidade que não se espera ver numa obra cinematográfica.
No entanto, há também que destacar a moderna e entusiasmante direcção de fotografia que nos coloca exactamente num mundo de fantasia através das suas cores quentes e vibrantes que transformam muitos segmentos em deslumbrantes imagens que muito se assemelham a quadros em movimento, um guarda-roupa de época muito bem executado, assim como alguns efeitos visuais que mereciam um maior destaque e desenvolvimento pois são eles que fazem muito do ambiente esperado desta curta-metragem que, a ser mais polida e com alguma mais duração se poderia afirmar como uma referência do género no cinema português. Ainda assim consegue ser uma boa porta de entrada e uma referência positiva na carreira de Afonso Nunes.
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7 / 10
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