quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Home Sweet Home (2013)

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Home Sweet Home de David Morlet foi um dos filmes que passou no primeiro dia da sétima edição do MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa que nos conta a história de um jovem casal que se mudou recentemente para uma casa afastada da confusão da cidade e aí tentam recomeçar uma vida mais tranquila e despreocupada.
Um dia Sara (Meghan Heffern) alerta a polícia que um estranho andou a vaguear pela sua casa e após ser tranquilizada pela polícia passa uma noite animada com Frank (Adam MacDonald), o seu marido. Ao regressarem a casa e com a noite pela frente para voltarem a acender a chama da paixão, rapidamente se apercebem que não estão sós dentro da sua própria casa e que se preparam para passar uma noite bem longa e perigosa na qual irão ser as presas de um calmo e paciente assassino que tudo fará para se excitar com o medo que lhes provoca.
Morlet, que também escreve o argumento, consegue com ele recriar um intenso clima de suspense durante uma boa parte da duração deste filme através de um conjunto interessante de factores. O primeiro que se prende com a quase ausência de diálogos que ajudam o espectador a não dispersar a sua atenção do lento e pausado ritmo que se faz sentir, concentrando-se assim em toda a dimensão da principal interpretação do filme, a do assassino criado por Shaun Benson que está de certa forma de rosto oculto em praticamente toda a duração do mesmo, apenas revelando pequenas parcelas de si... as mãos, os gestos e uma respiração pesada mas pausada sinal revelador da sua tranquilidade, confiança e hábito nos seus hediondos actos, entregando-lhe assim uma verdadeira encarnação do mal.
E é esta dinâmica criada entre predador e presas que contribui decididamente para a recriação desta tensão contagiante e suspense que acompanham uma boa parte do filme mesmo que a fórmula esteja, de uma forma geral, já vista e repetida em tantos outros filmes do género, e sendo as duas interpretações das vítimas "Frank" e "Sara" bem mais frágeis do que aquela criada pelo misterioso, mas previsível a certo ponto, assassino.
No entanto, se durante uma boa parte dos oitenta minutos deste filme ele consegue conquistar a nossa atenção e uma certa admiração, não é menos verdade que a forma como se desenrola todo o seu final é de tal forma previsível que quase roça o absurdo e sem graça danificando irremediavelmente tudo aquilo que foi construído com alguma qualidade até então. A previsibilidade com que é revelada a identidade do assassino, a forma como o argumento dá um final à personagem "Sara" são, de uma forma geral, aspectos francamente negativos que pouco (ou nada) contribuem para manter o filme acima do nível mínimo positivo e é aqui que acabamos por não desculpar alguns dos clichés que o povoaram desde o início.
Competente na sensação de ratoeira, de predador versus presas, de claustrofobia e prisão e principalmente pela potencialidade do terror ter um rosto humano e não demoníaco elevando a capacidade de fazer mal simplesmente porque se pode sem nenhum outro motivo aparente fazem com que se espere um final dinâmico e enérgico como todo o demais ambiente foi e não algo que termina simplesmente porque chegou a sua "hora".
Resumidamente... aquilo que este filme consegue criar durante setenta minutos de duração não merece o desfecho que os últimos dez lhe dão que, de uma forma geral, arruínam tudo aquilo que foi conquistado até então valendo, ainda assim, por esses referidos minutos tensos e enervantes.
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6 / 10
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