segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Zigurate (2011)

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Zigurate de Ricardo Terto e Gabriela Ramalho é uma curta-metragem de ficção brasileira que nos tenta inserir num complexo mundo onde os sonhos e a realidade caminham lado a lado confundindo-se e dando aos seus intervenientes uma dimensão que poderá ser (ou não) falsa.
Bernardo (Osmar Amorim) é um homem que não se lembra da sua mãe que falecera quando ele tinha seis anos. Com o seu pai pouca ligação teve visto que este se suicidara tinha ele onze anos de idade, vivendo num aparente drama de falta de afecto e atenção paternal.
Num constante dilema sobre aquilo que idealiza como o mundo perfeito onde todas as suas vontades são positivamente respondidas, Bernardo sonha-o como um espaço onde é o rei e senhor de todas as vontades que têm de ser cumpridas por terceiros, nomeadamente aqueles que no dito mundo real exercem sobre ele uma posição de chefia.
Sedento de sonhos e desejos de vingança e de alguma humilhação, o argumento escrito por Ricardo Terto coloca o nosso protagonista numa constante viagem entre dois mundos que a dada altura nem ele, nem tão pouco o espectador, consegue decifrar se são a sua realidade ou algo que ele idealiza e deseja como tal mas que lhe mostra consequências bem mais duras do que aquelas com que ele alguma vez pensou viver.
Confusa e dispersa esta curta-metragem peca ainda por um conjunto múltiplo de interpretações e personagens que roçam muito de perto o mais básico e pouco preparado fazendo dispersar a atenção do espectador de um argumento que é ele, por si, muito confuso e sem sal cujo único objectivo imediato é tentar, sem sucesso, recriar um universo paralelo ao qual apenas os mais fortes e resistentes conseguem manobrar.
Os vários segmentos pelos quais viajamos são, também eles, dispersos e vagos, sem uma relação condutora entre si, o que nos faz chegar a menos de metade desta curta-metragem já vagos de ideias sobre aquilo que pretenderam transmitir para além de uma mescla pouco elaborada de ritmos e de presunções sobre aquilo que poderia ser essa mesma realidade alternativa.
Se por um lado a ideia base encontra-se lá por explorar, o que por si mostra alguma criatividade apesar de se constituir como um argumento já visto, não deixa de ser menos verdade que a sua fraca execução faz do mais forte ser o mais fraco e fragilmente concebido, tornando toda a curta-metragem num trabalho não memorável e dispensável.
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