domingo, 5 de abril de 2015

Osmose (2014)

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Osmose de Pedro Baginha, David Ferreira, Margarida Pereira, João Santos e Rui Silva é uma curta-metragem portuguesa de animação e uma das três finalista ao Sophia Estudante da Academia Portuguesa de Cinema nesta que será a sua primeira edição deste prémio.
Três personagens vivem num espaço deserto e desprovido de qualquer referência. Acorrentados entre si, o caminho que percorrem em busca da sua sobrevivência depende de um trabalho conjunto e de entre-ajuda.
Um dia descobrem algo que os fará encarar toda a sua existência de forma diferente mas tal descoberta irá despertar em cada um deles um desejo de curiosidade que os fará lutar pela sua conquista. Conseguirá algum deles ver para lá daquilo que teve até então?
Esta animação realizada por alunos da Universidade Lusófona é um dos mais significativos e impressionantes trabalhos cinematográficos no campo da animação que tive o prazer de ver nos últimos tempos. Inicialmente desprovido de qualquer tipo de cenário que leve o espectador a deambular pelas maravilhas da animação, Osmose consegue cativar não graças a esses floreados mas sim pela sugestão e pelo que pode chegar "depois". Num incansável percurso onde as três personagens - distintas entre si - se debatem em conjunto por chegar um pouco mais além, aquilo que é oferecido ao espectador é, na prática, um registo sobre a mais básica condição humana. Primeiro existe uma mútua compreensão e ajuda mas assim que um elemento novo é colocado no caminho dos intervenientes, aquele que o detém tenta alcançar o poder. Recorrendo ao mais elementar dos ditos populares... "em terra de cegos... quem tem olho é rei".
Aos poucos é o tal elemento novo que confere a quem o detém a sabedoria... Sabedoria essa que em vez de utilizada em proveito de todos é desvirtualizada para conferir poder a apenas um... No entanto, no meio de uma constante luta em que aparentemente apenas um pode (sobre)viver... consegue esse iluminado resistir às suas próprias vontades ou na sua negação ficará a uma curta distância de toda uma glória que o recompensará?
Com um total controlo sobre aquilo que é fornecido ao espectador, Osmose prende-o pela hipótese, pelo "e se..." bem como pela excelente narrativa que faculta um breve olhar sobre o poder e a lei do mais forte assim como pela forma como a posse e a ganância dominam a mente humana. Um justíssimo nomeado e uma prova presente de como o cinema de animação está longe de ser apenas para crianças.
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8 / 10
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