segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Antboy (2013)

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O Super-Formiga de Ask Hasselbalch é uma longa-metragem dinamarquesa de ficção que se insere no grande domínio dos super-heróis mas aqui na pessoa de um pré-adolescente.
Pelle (Oscar Dietz) é um jovem estudante de doze anos de idade que sonha ser alguém na vida. Alguém de quem se fale, que seja notado e que não esteja votado ao anonimato e à invisibilidade que o têm caracterizado até ao momento.
Quando tudo parece ser como sempre foi e Pelle tem de fugir de dois miúdos mais fortes que ele, é ao esconder-se numa casa que é mordido por uma formiga que lhe confere uma enorme força e poderes sobrenaturais. Mas será que Pelle - agora Antboy - consegue resolver todos os problemas da sua pequena e pacata comunidade?
Claramente inspirado nas histórias de super-heróis que se revelam a partir de "humanos" com sérios problemas de afirmação, identidade ou projecção social, Antboy transfere estes dilemas individuais para a pessoa de um jovem adolescente que parece exibir estas preocupações muito antes do tempo desejado. Com sérios problemas de sociabilidade e amizades inexistentes, "Pelle" é assim o rosto de um jovem que vive a sua solidão de forma escondida deixando-se ser alvo de abusos não só por parte de alguns dos outros miúdos com quem partilha a escola como também de um violento professor que ginástica que parece tê-lo como o seu alvo predilecto.
Ainda que Antboy tente ao longo de toda a narrativa afirmar-se como um filme de comédia e aventuras, é esta inadaptação do seu jovem protagonista que se destaca e que lentamente dá lugar a uma nova dinâmica no seu personagem, ou seja, é quando percebe que os seus dotes e poderes aumentaram de forma exponencial que começa, também ele, a exibir alguns sinais de impaciência e violência deixando para trás o único eventual - e potencial - amigo que poderá ter formado.
Intercalado com alguns apontamentos de banda desenhada que conferem alguma jovialidade e ligeira ao mesmo, Antboy perde, no entanto, por ser um daqueles filmes que já estão excessivamente tipificados e que todos já conhecemos pelas inúmeras incursões já realizadas no universo dos super-heróis que, aqui não se destacando nenhuma novidade, se transforma em uma - mais uma - longa-metragem que a dada altura ou é previsível ou desnecessária conseguindo - eventualmente - afirmar-se apenas junto de um público mais juvenil (na prática mais jovem do que o seu já jovem protagonista), não conseguindo convencer um público de outras camadas etárias.
Interessante pela forma como apresenta um notório desenvolvimento da personagem interpretada por Oscar Dietz, que passa do jovem aborrecido e anónimo para aquele que toma consciência das suas novas capacidades em nome do bem - não sem antes passar por uma auto-afirmação perante os demais - mas pouco convincente em criar empatia com o público conseguindo ser quase sempre frio e distante com personagens pouco convidativas, acessíveis ou empáticas apenas capazes de se aproximarem de uma leitura pouco expressiva das suas "linhas" e não do espectador a quem deveriam esperar conquistar.
Enquanto filme juvenil - e dirigido para os mesmos - acredito na credibilidade de Antboy... para lá disso duvido que seja uma longa-metragem que permaneça durante muito tempo em sala destacando-se, no entanto, pela eficaz direcção de fotografia de Niels Reedtz Johansen que capta a essência de uma sociedade fria e austera.
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4 / 10
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