quarta-feira, 11 de maio de 2016

A Glória de Fazer Cinema em Portugal (2015)

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A Glória de Fazer Cinema em Portugal de Manuel Mozos é um documentário em formato de curta-metragem português - nomeado ao Sophia da Academia Portuguesa de Cinema na categoria de Ficção - cuja base parte da descoberta de uma carta de 18 de Setembro de 1929 na qual José Régio escreve a Alberto Serpa onde manifesta o seu desejo de fundar uma produtora de cinema.
Depois de noventa anos onde o desfecho deste desejo nunca chegou a ser conhecido eis que são descobertas algumas bobines na posse do coleccionador Albano António Marques que podem trazer pistas para o que sucedera depois.
Com argumento de Eduardo Brito, A Glória de Fazer Cinema em Portugal é um documentário que se sub-divide em cinco distintos segmentos tendo, cada um deles, pistas que tentam estabelecer uma linha de condução e responder às questões levantadas sobre a eventual resposta àquela carta.
Da I - Abertura em que são descobertos os famosos quatro minutos que parecem confirmar a veracidade do movimento que pretendia desenvolver o cinema em Portugal passando por II - A Carta em que a já referida foi escrita revelando os seus planos e apresenta o grupo dos Ultra de fomento de cinema, A Glória de Fazer Cinema em Portugal passa ainda por III - Monsieur Caillaud que fora guarda do Museu Grévin, museu que recebera a gravação de diversos filmes franceses da época e combatente na frente de Reims, fez fortuna na roleta tendo visitado Portugal em 1928 onde gravou diversos festivais aéreos e que foi um dos potenciais envolvidos neste movimento. Finalmente este documentário passa ainda por IV - O Encontro onde se pensa que os tais famosos quatro minutos de película foram filmados e finalmente V - Epílogo onde são apresentados a Manoel de Oliveira.
Com um interessante trabalho de investigação que brinca o cinema português com toda uma nova perspectiva sobre o próprio, A Glória de Fazer Cinema em Portugal é, no entanto, um documentário que se centra mais na hipótese e na sugestão do que propriamente em factos comprovados. Se a teoria e a potencial ligação de factos parece ser cronologicamente coordenada e estabelecida, são mais as perguntas que se levantam do que propriamente as respostas que confirmam os factos.
Com uma passada muito própria e sem ser suficientemente claro para se constituir como um elemento fundamental - não esquecer que se baseia apenas em hipóteses - da história da História do cinema português, A Glória de Fazer Cinema em Portugal está longe de ser uma ficção mas aproxima-se de um documentário em construção, não preenchendo ou satisfazendo os requisitos mínimos para ficar na memória mas lança as bases para o que pode vir a ser.
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5 / 10
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