sábado, 11 de junho de 2016

The Conjuring 2 (2016)

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The Conjuring 2 - A Evocação de James Wan é a aguardada sequela de The Conjuring (2013) que recupera a história verídica do casal medium Ed e Lorraine Warren.
Depois de revelada a sua intervenção no caso Amityville, Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) atingem um estatuto mediático que tanto os beneficia como arruína pelos mesmos motivos.
Reconhecidos os seus méritos na área do paranormal, Ed e Lorraine são convidados em 1977 a viajar até Londres onde devem investigar os acontecimentos ocorridos em casa da família Hodgson e os estranhos comportamentos de Janet (Madison Wolfe), a sua filha mais nova.
Longe de suspeitarem que esta possessão mais não é do que uma forma da misteriosa entidade atingir o casal Warren, ambos decidem que devem ajudar a jovem Janet a libertar-se da possessão demoníaca.
Recuperando a sua já longa tradição de obras cinematográficas de terror, James Wan filma aquele que é, segundo relatos, o mais longo caso paranormal a poder ser documentado através das mais variados registos. Num primeiro momento, The Conjuring 2 - que teve como subtítulo The Enfield Poltergeist - apresenta ao espectador os dias depois do tão badalado caso Amityville onde o casal Warren esteve directamente envolvido. O já referido mediatismo que o caso lhes proporcionou, não só lhes granjeou a fama imediata a que os meios de comunicação social vetam todos aqueles com quem se cruzam como o fez de forma a que todas as atenções negativas chegassem por parte daqueles que, sendo mais cépticos, os condenavam ao mesmo tempo que se sente nas vivências do casal uma crise de fé não para com os casos em que se vêem envolvidos mas sim na descrença, cepticismo e até alguma hipocrisia daqueles que não acreditando resolvem também caluniar. Paralelamente, o espectador conhece também o caso Enfield e as provações da família Hodgson - mãe e quatro filhos - face não só a uma vida social e economicamente débil como também atormentada por uma estranha entidade que parece querer controlar a jovem "Janet".
Comum a ambas as famílias - Hodgson e Warren - acaba por estar aquilo que os próprios investigadores consideram como "fundamental" para que os tormentos paranormais proliferem, ou seja, a instabilidade ou fragilidade emocional que torna as mentes penetráveis as "visitas" pouco desejadas de espíritos - ou demónios - sedentos de regressar - ou "ocupar" uma forma... humana. É então neste ambiente de (des)crença, incertezas e fragilidades emocionais que The Conjuring 2 se desenvolve transformando toda esta obra de terror numa história - verídica - que se centra não só no referido género como principalmente numa longa-metragem que tenta abordar que o mal - figurativo ou não - se apodera daqueles que, mais frágeis, se tornam mais moldáveis e permissivos. No fundo, este mal acaba por ser como uma dependência... primeiro entranha-se pela permeabilidade e depois ocupa o espaço como sendo seu dono e senhor.
Com um final assumidamente tão frágil como os estados de espírito dos "Hodgson" - que acredito ter sido livremente moldado em relação aos acontecimentos reais pois afinal... nem tudo pode ser revelado ipsis verbis - The Conjuring 2 consegue manter todo um clima de suspense e tensão que mantém um espectador em suspenso (e suspense) durante praticamente as suas pouco mais de duas horas de duração. É verdade que temos a introdução per si dos factos relativamente à "crise de fé" dos "Warren" mas, no entanto, não é menos incorrecto poder afirmar que é esta sua condição que acaba por revelar ao espectador que também eles, notáveis investigadores paranormais, podem estar sujeitos às forças negativas que tanto perseguem sendo agora... suas vítimas directas. Talvez seja essa a principal mensagem que este filme - e a sua experiência - tente transmitir ao espectador... Por um lado que todos, a dada altura, podem estar mais susceptíveis de ceder ao desconhecido... a esse tal "mal" externo que se aproveita e alimenta das fraquezas alheias mas, no entanto, que é também verdade que é nestes mesmos momentos de crise interna que se encontra as forças suficientes para poder derrotar algo que sem o "nosso" medo... não sobrevive.
Eventualmente mais tremido do que o título anterior pela necessidade de explanar o dilema moral que aflige os "Warren", The Conjuring 2 tem uma capacidade técnica de extrema excelência que brinca com os sons, luzes, vultos e sombras para criar a sugestão e o suspense - brava direcção de fotografia de Don Burgess que, não fosse o género, certamente poderia ver o seu trabalho recompensado com uma nomeação ao Oscar na respectiva categoria - conseguindo - à semelhança do primeiro título - entregar toda uma atmosfera que não só é sombria como incómoda, levando o espectador ao interior e aos recantos daquela casa, temendo-os como se fosse um seu espaço familiarmente conhecido e, como tal, duplamente temido.
Intenso desse ponto de vista técnico e assustador se pensarmos que é baseado em acontecimentos reais, The Conjuring 2 deixa, no entanto, aquele estranho "sabor"... o espectador gosta e sente que a missão foi cumprida enquanto filme de terror mas... será assim que terminam os casos "Warren"? Se tudo se mantém a um bom nível no que diz respeito a responder à primeira parte desta questão... quanto à segunda fica um misto de (in)satisfação pois queremos (in)voluntariamente saber mais não só sobre este como sobre outros casos em que certamente terão estado envolvidos... Virá aí o próximo?!
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8 / 10
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