domingo, 30 de abril de 2017

O Dia em que Explodiu Mabata Bata (2017)

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O Dia em que Explodiu Mabata Bata de Sol de Carvalho é uma longa-metragem luso-moçambicana feita para televisão num programa patrocinado pela CPLP - Comunidade de Países de Língua Portuguesa adaptada da obra de Mia Couto e que conta a história do Azarías, um jovem moçambicano privado da sua educação para tratar dos bois que o seu tio irá usar como dote de casamento.
No dia em que Mabata Bata, o mais imponente boi da manada, pisa uma mina e explode, Azarías foge com medo das represálias do tio lançando-o numa viagem que irá transformar toda a sua vida.
Com base na obra de Mia Couto, Sol de carvalho e José Magro escrevem o argumento desta história que atravessa diferentes dinâmicas de um Moçambique ainda ensombrado com os fantasmas de uma guerra civil. Ainda que não seja a principal dinâmica desta história, o conflito está implícito na sua narrativa na medida em que a presença militar em O Dia em que Explodiu Mabata Bata faz-se sentir pelos ocasionais militares que surgem nesta história como também pelos despojos de uma guerra que moldam a realidade das suas gentes.
Aqui tudo gira em torno de "Azarías", um jovem privado daquilo que deveria ser um direito e obrigação de todos... a sua educação. Este jovem sonha com o dia em que poderá ir para a escola e aprender a ler e a escrever, ou seja, com os fundamentos principais que poderão um dia mais tarde fazer dele o homem com todo o potencial que lhe é devido. Mas, no entanto, este seu direito é-lhe privado por parte de um tio que o obriga a tratar dos animais que servirão (mais tarde) como o seu dote pela mão da filha de um chefe local. Num jogo de interesses, "Azarías" é apenas um - mais um - de toda uma geração de crianças perdidas que perpetuam um sistema semi-tribal que serve os interesses imediatos dos chefes locais esquecendo o futuro de todo um país.
No entanto, a história de "Azarías" tem mais contornos que não passam despercebidos ao olhar do espectador. Filho de pais que supomos terem sido mortos durante o conflito, trabalha para o "engordar" do gado e para o grado de um tio que o explora pouco importado com as suas necessidades. Com uma infância perdida e então com medo dos destinos desse tipo por vezes violento, "Azarías" vive apenas um sonho que já não esconde - a sua educação - refugiando-se nas pequenas ofertas de um amigo que mais lhe despertam o gosto por aquilo que não tem.
Neste misto de história sobre os direitos infantis, O Dia em que Explodiu Mabata Bata retrata ainda o seu - de "Azarías" - processo de crescimento numa micro sociedade ainda afectada com os horrores de uma guerra civil presente e que foi devastadora para muitas famílias. Neste período em que este jovem recorda a família que já não tem - para lá do tio e de uma avó sempre preocupada - todo o seu processo de crescimento é feito com trabalho, com medo dos militares que ainda subsistem à custa do seu árduo trabalho enquanto camponês e guardador de gado e com os fantasmas do seu passado presentes nos pequenos elementos que o recordam de uma vida anteriormente tida. Assim, num estilo que mescla a ficção com o documental utilizado de forma interessante para espelhar os dias de uma criança no campo afastada da grande cidade e que, ao mesmo tempo, explora a sua próxima relação com a natureza envolvente como uma parte imprescindível da sua própria sobrevivência onde alimentos, vegetação, animais, água e terra assumem-se como os bens fundamentais e essenciais para que "Azarías" e sua família continuem a subsistir e esperem - à custa dos animais que engordam - poder conferir uma vida melhor no dia de "amanhã". Este desejo de constante trabalho - só de "Azarías" que é insistentemente explorado por um tio que pouco pretende fazer - poderá ser no seu futuro próximo, a única forma dele poder entrar na escola e cumprir o fim último que tanto deseja.
A contribuir para a inserção do espectador em toda uma ambiência de um Moçambique profundo está a música original de Pierre Dufloo que resgata sonoridades tribais e conferindo-lhes a contemporaneidade necessária, fazem do espectador um observador participante da (sua) vivência naquela pequena aldeola onde "Azarías" vive.
Com uma ingenuidade própria de um trabalho em construção, O Dia em que Explodiu Mabata Bata não perde mérito pela simples história ficcionada que se mescla com o relato documental dando não só um retrato de um país ferido como das profundas marcas que continuam a dizimar uma (que se queria) nova geração que se perde com as perdidas e esquecidas sobras de um conflito que - de certa forma - insiste em não terminar.
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6 / 10
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sábado, 29 de abril de 2017

Lola 2017 - Academia Alemã de Cinema: os vencedores

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Foram ontem divulgados os vencedores dos Lola - prémios entregues anualmente pela Academia Alemã de Cinema - numa cerimónia que se realizou em Berlim, destacando Toni Erdmann, de Maren Ade como o grande vencedor da noite arrecadando seis troféus.
São todos os vencedores:
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Filme - Ouro: Toni Erdmann, Janine Jackowski, Jonas Dornbach e Maren Ade (prods.)
Filme - Prata: 24 Wochen, de Anna Zohra Berrached
Filme - Bronze: Wild, de Nicolette Krebitz
Documentário: Cahier Africain, Stefan Tolz e Peter Spoerri (prods.)
Filme Juvenil: Auf Augenhöhe, Martin Richter e Christian Becker (prods.)
Realizador: Maren Ade, Toni Erdmann
Actor Protagonista: Peter Simonischek, Toni Erdmann
Actriz Protagonista: Sandra Hüller, Toni Erdmann
Actor Secundário: Georg Friedrich, Wild
Actriz Secundária: Fritzi Haberlandt, Nebel im August
Argumento: Toni Erdmann, Maren Ade
Montagem: Toni Erdmann, Heike Parplies
Fotografia: Wild, Reinhold Vorschneider
Música Original: Das Kalte Herz, Oli Biehler
Som: Wild, Rainer Heesch, Christoph Schilling e Martin Steyer
Design de Produção: Paula, Tim Pannen
Guarda-Roupa: Paula, Frauke Firl
Caracterização: Das Kalte Herz, Kathi Kullack
Carreira: Monika Schindler
Filme mais Lucrativo: Willkommen bei den Hartmanns, de Simon Verhoeven
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quarta-feira, 26 de abril de 2017

Jonathan Demme

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1944 - 2017
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terça-feira, 25 de abril de 2017

Globos de Ouro SIC/Caras 2017: os nomeados

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Foram há momentos anunciados os nomeados à XXIIª edição dos Globos de Ouro SIC/Caras nas suas diversas categorias incluindo a de Cinema.
São os nomeados:
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Melhor Filme
Cartas da Guerra, de Ivo M. Ferreira
Cinzento e Negro, de Luís Filipe Rocha
John From, de João Nicolau
O Ornitólogo, de João Pedro Rodrigues
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Melhor Actor
Miguel Borges, Cinzento e Negro
Filipe Duarte, Cinzento e Negro
Nuno Lopes, Posto Avançado do Progresso
Miguel Nunes, Cartas da Guerra
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Melhor Actriz
Maria João Abreu, A Mãe é que Sabe
Joana Bárcia, Cinzento e Negro
Mónica Calle, Cinzento e Negro
Ana Padrão, Jogo de Damas
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Os vencedores serão conhecidos numa cerimónia apresentada por João Manzarra a realizar no próximo dia 22 de Maio no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
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Premios Sant Jordi de Cinematografía 2017: os vencedores

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Decorreu ontem na Antigua Fábrica de Estrella Damm, em Barcelona a 61ª edição dos Premios Sant Jordi de Cinematografía atribuídos aos melhores desempenhos cinematográficos do ano.
São os vencedores:
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Filme: La Propera Pell, de Isaki Lacuesta e Isa Campo
Primeira Obra: Tarde para la Ira, de Raúl Arévalo
Filme Estrangeiro: Elle, de Paul Verhoeven (França)
Actor Espanhol: Luis Callejo, Tarde para la Ira
Actor Internacional: Adam Driver, Paterson
Actriz Espanhola: Emma Suárez, Julieta e La Propera Pell
Actriz Internacional: Amy Adams, Arrival e Nocturnal Animals
Sant Jordi de Honor: Eusebio Poncela
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domingo, 23 de abril de 2017

Shortcutz Viseu - Sessão #91

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O Shortcutz Viseu regressa, desta vez excepcionalmente a uma segunda-feira, com a sua Sessão #91 dedicada a um especial 25 de Abril.
Na secção Curtas em Competição, o Shortcutz Viseu exibe os filmes curtos Reino, de João Monteiro e Nortik, de Tiago Iúri que estará presente na sessão para a sua apresentação. Finalmente, no segmento Especial 25 de Abril, serão apresentados os filmes Deus Não Quis, de António Ferreira e ainda 25 de Abril - Uma Aventura para a Democracia, de Edgar Pêra.
Amanhã, a partir das 22 horas no Carmo'81 mais uma sessão de bom cinema em formato curto na Rua do Carmo 81, em Viseu.
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A Long Way Home (2017)

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A Long Way Home de Ibër Deari é uma curta-metragem de ficção oriunda da Macedónia centrada no regresso a casa de Olti (Mirsad Abazi) depois de um conflito que o envolveu com um membro de um clã rival.
No regresso durante um frio Inverno, Olti depara-se com a esperança de reencontrar uma mãe que há muito não vê e com um irmão que não o quer na aldeia natal com medo das represálias que sente poder ser alvo.
Espelho de um conflito por resolver - que de certa forma ilustra uma alma perdida da região balcânica - Ibër Deari cria com A Long Way Home o tradicional conto de vingança, redenção e a esperança vã de um regresso às origens onde tudo estava longe da derrota que inconscientemente se assume quando, já ida a infância, se encontra um mundo dito "adulto" do qual ninguém sairá ileso.
A Long Way Home começa com um não tão enigmático percurso de uma estrada coberta de neve que permite ao espectador assumir que está a presenciar o final de algo... de um percurso. Longe de descobrir que percurso é esse, o único elemento que é também pressuposto - pelo espectador - é o de que ali permanecem os restos mortais de alguém que "perdeu" nesta batalha que anteriormente se travou. No fundo, uma noção que o próprio título desta curta-metragem pode conferir (com a posterior tardia percepção do espectador) de que este longo caminho de um difícil e provavelmente impossível regresso é não só psicológico como também físico. As distâncias, ainda que de geograficamente próximas são, no entanto, impossíveis de percorrer com um passado ainda por resolver que o(s) priva(m) de avançar nessa vida agora tida como "nova".
Se a realização de Deari denota algumas fragilidades técnicas ao inserir-se no próprio espaço das personagens transformando-se num observador participante das mesmas é, no entanto, a sua muito interessante direcção de fotografia que contribuiu para a percepção de um estado físico do espaço e de espírito das mesmas e, como tal, aproximando-as de um esgotamento psicológico característico das suas vivências traumáticas que se assume como um dos pontos mais interessantes de A Long Way Home. Entre um misto de interpretações que ainda que consistentes denotam uma extrema necessidade de maior aprofundamento, A Long Way Home assume-se como um filme de vingança tradicional onde o personagem atípico e anti-herói procura uma redenção... um "voltar a casa" ao colo de uma mãe que não vê há muito como que se este fosse a sua única e última salvação face a um mundo que já não (lhe) existe. É esta falta - nem sempre a pouca duração de uma curta-metragem se assume como um seu ponto positivo - que leva o espectador a perder-se na sua narrativa... a procurar (ou desejar) mais de personagens que claramente têm toda uma história para lá daquela apresentada e, como tal, a permanecer num misto de (in)tolerância para com uma história que parece ter deixado muito por revelar.
De uma dinâmica interessante e muito característica nas histórias que nos chegam dos Balcãs - não tão secretamente qualquer um de nós mais familiarizado com este cinema identifica a sua origem - A Long Way Home deixa espaço para com algum maior investimento e aperfeiçoamento do profissionalismo da equipa técnica se tornar numa longa-metragem característica do cinema de uma área - e de um país - não tão explorado nos últimos anos.
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6 / 10
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sábado, 22 de abril de 2017

Erin Moran

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1960 - 2017
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quinta-feira, 20 de abril de 2017

Prémios Simón 2017 - Academia de Cine Aragonés: os nomeados

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A Academia del Cine Aragonés anunciou há dias os nomeados à sexta edição dos Simón, prémios que atribui anualmente aos melhores desempenhos cinematográficos às produções e co-produções da região.
São os nomeados:
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Melhor Longa-Metragem
Angustias y Remedios, de Fernando Usón-Forniés
Análisis de Sangre Azul, de Blanca Torres e Gabriel Velázquez
Bestfriends, de Carlos Val e Jonas Grosch
Jota, de Carlos Saura
Nuestros Amantes, de Miguel Ángel Lamata
Villaviciosa de al Lado, de Nacho G. Velilla
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Melhor Documentário
600 Años sin Descanso. El Papa Luna, de Germán Roda
Desmontando la Muerte, de Germán Roda
El Director Maldito, de Maxi Campo
I Am from Syria, de Elena Cantero
La Casa Ena, de Orencio Boix
La Ciudad de las Mujeres, de Vicky Calavia
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Melhor Curta-Metragem
Dos Segundos de Silencio, de Felipe Sanz
El Morico, de Jorge Aparicio García
Le Chat Doré, de Nata Moreno
Rewind, de Rubén Pérez Barrena
El Trastero, de Gaizka Urresti
Un Minutito, de Javier Macipe
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Melhor Videoclip
Catch My Breath, para Victorious Fleet Commanders, de Julián Morales Jodra
Hacia el Interior, para Ana Macén, de Adrián Barcelona e Irene Solanas
Luces de Neón, para Playa Cuberris, de Jacob Santana
Una Cita, para Nacho Down Tempo, de Aléx Villar
Video Single, para Los Twangs & Esther, de Raúl Guíu
You Got Me in Heat, para Anaut, de Borja Echeverría
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Melhor Produção
Camino Ivars, La Ciudad de las Mujeres
Inés Laporta, Dos Segundos de Silencio
Jorge Aparicio e Manuel Aparicio, El Morico
Malena Carreras, Rewind
Patricia Roda, 600 Años sin Descanso. El Papa Luna
Raúl García Medrano, Nuestros Amantes
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Melhor Realizador
Álex Rodrigo, Un Millón
Carlos Val e Jonas Grosch, Bestfriends
Germán Roda, 600 Años sin Descanso. El Papa Luna
Jorge Aparicio García, El Morico
Miguel Ángel Lamata, Nuestros Amantes
Rubén Pérez Barrena, Rewind 
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Melhor Interpretação
Alfonso Desentre, Magia
Alfredo Abadía, El Morico
Eduardo Noriega, Nuestros Amantes
Elena Rivera, Rewind
Esther Gotor, Un Gran Día
Laura Contreras, Luz de Soledad
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Melhor Argumento

Carlos Val e Jonas Grosch, Bestfriends
Germán Roda, Alberto Baeyens, Ramón J. Campo e David Lozano, 600 Años sin Descanso. El Papa Luna
Javier Macipe, Un Minutito
Jesús Miguel Quintana e Rubén Pérez Barrena, Rewind
Manuel Aparicio, hermanos Carcoma e Jorge Aparicio, El Morico
Maxi Campo, El Director Maldito
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Melhor Fotografia
Adrián Barcelona, Cuando Lucas Encontró a Eva
Beltrán García, Bestfriends
Francisco Fernández Pardo, Rewind
Sergio de Uña, Dos Segundos de Silencio
Sergio de Uña, 600 Años sin Descanso. El Papa Luna
Silvia Aparicio, El Morico
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Categoria Especial
Ana Bruned, Chicaman (caracterização)
Arantxa Ezquerro, Nuestros Amantes (guarda-roupa)
Jesús Aparicio e Bogus Band, El Morico (música original)
Ara Malikian, Le Chat Doré (música original)
Maxi Campo, El Director Maldito (montagem)
Antuán Duchamp, Sin Conexión (música original)
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Os Simón serão entregues numa cerimónia a realizar no próximo dia 6 de Maio no Auditorio de Zaragoza.
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quarta-feira, 19 de abril de 2017

Neuza Amaral

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1930 - 2017
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sábado, 15 de abril de 2017

Graça Silva

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1967 - 2017
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Clifton James

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1921 - 2017
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sexta-feira, 14 de abril de 2017

Saturn Awards 2017: os nomeados

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Foram anunciados os nomeados aos Saturn Awards entregues anualmente pela Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films relativos às produções cinematográficas e televisivas.
Os nomeados deste ano são:
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Cinema
Melhor Comic-a-Filme
Batman v Superman: Dawn of Justice, de Zack Snyder
Captain America: Civil War, de Anthony Russo e Joe Russo
Deadpool, de Tim Miller
Doctor Strange, de Scott Derrickson
Suicide Squad, de David Ayer
X-Men: Apocalypse, de Bryan Singer
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Melhor Filme Ficção Científica
Arrival, de Denis Villeneuve
Independence Day: Resurgence, de Roland Emmerich
Midnight Special, de Jeff Nichols
Passengers, de Morten Tyldum
Rogue One: A Star Wars Story, de Gareth Edwards
Star Trek Beyond, de Justin Lin
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Melhor Filme de Fantasia
The BFG, de Steven Spielberg
Fantastic Beasts and Where to Find Them, de David Yates
Ghostbusters, de Paul Feig
The Jungle Book, de Jon Favreau
Miss Peregrine's Home for Peculiar Children, de Tim Burton
A Monster Calls, de Juan Antonio Bayona
Pete's Dragon, de David Lowery
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Melhor Filme de Terror
The Autopsy of Jane Doe, de André Ovredal
Busanhaeng, de Yeon Sang-ho
The Conjuring 2, de James Wan
Demon, de Marcin Wrona
Don't Breathe, de Fede Alvarez
Ouija: Origin of Evil, de Mike Flanagan
The Witch: A New England Folktale, de Robert Eggers
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Melhor Filme de Acção/Aventura
Allied, de Robert Zemeckis
Gold, de Stephen Gaghan
Hacksaw Ridge, de Mel Gibson
Hidden Figures, de Theodore Melfi
The Legend of Tarzan, de David Yates
The Magnificent Seven, de Antoine Fuqua
The Nice Guys, de Shane Black
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Melhor Thriller
10 Cloverfield Lane, de Dan Trachtenberg
The Accountant, de Gavin O'Connor
The Girl on the Train, de Tate Taylor
Jason Bourne, de Paul Greengrass
Hell or High Water, de David Mackenzie
The Shallows, de Jaume Collet-Serra
Split, de M. Night Shyamalan
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Melhor Filme Independente
Eye in the Sky, de Gavin Hood
Hunt for the Wilderpeople, de Taika Waititi
La La Land, de Damien Chazelle
Lion, de Garth Davis
The Ones Below, de David Farr
Remember, de Atom Egoyan
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Melhor Filme de Animação
Finding Dory, de Andrew Stanton e Angus MacLane
Kingslaive: Final Fantasy XV, de Takeshi Nozue
Moana, de Ron Clements e John Musker
Sing, de Christophe Lourdelet e Garth Jennings
Trolls, de Walt Dorhn e Mike Mitchell
Zootopia, de Byron Howard e Rich Moore
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Melhor Filme Internacional
Ah-ga-ssi, de Chan-Wook Park (Coreia do Sul)
Elle, de Paul Verhoeven (França)
Kraftidioten, de Hans Petter Moland (Noruega/Suécia/Dinamarca)
Mei Ren Yu, de Xingchi Zhou (China)
Shin Gojira, deHideaki Anno e Shinji Higuchi (Japão)
Under the Shadow, de Babak Anvari (Reino Unido/Jordânia/Qatar)
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Melhor Realizador
Scott Derrickson, Doctor Strange
Gareth Edwards, Rogue One: A Star Wars Story
Jon Favreau, The Jungle Book
Anthony Russo e Joe Russo, Captain America: Civil War
Bryan Singer, X-Men: Apocalypse
Steven Spielberg, The BFG
Denis Villeneuve, Arrival
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Melhor Actor
Chris Evans, Captain America: Civil War
Benedict Cumberbatch, Doctor Strange
Chris Pratt, Passengers
Ryan Reynolds, Deadpool
Mark Rylance, The BFG
Chris Pine, Star Trek Beyond
Matthew McConaughey, Gold
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Melhor Actriz
Amy Adams, Arrival
Emily Blunt, The Girl on the Train
Taraji P. Henson, Hidden Figures
Jennifer Lawrence, Passengers
Felicity Jones, Rogue One: A Star Wars Story
Narges Rashidi, Under the Shadow
Mary Elizabeth Winstead, 10 Cloverfield Lane
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Melhor Actor Secundário
Chadwick  Boseman, Captain America: Civil War
Dan Fogler, Fantastic Beasts and Where to Find Them
John Goodman, 10 Cloverfield Lane
Diego Luna, Rogue One: A Star Wars Story
Zachary Quinto, Star Trek Beyond
Christopher Walken, The Jungle Book
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Melhor Actriz Secundária
Scarlett Johansson, Captain America: Civil War
Tilda Swinton, Doctor Strange
Margot Robbie, Suicide Squad
Kate McKinnon, Ghostbusters
Betty Buckley, Split
Bryce Dallas Howard, Gold
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Melhor Interpretação por um Jovem Actor
Ruby Barnhill, The BFG
Julian Dennison, Hunt for the Wilderpeople
Tom Holland, Captain America: Civil War
Lewis MacDougall, A Monster Calls
Neel Sethi, The Jungle Book
Anya Taylor-Joy, The Witch: A New England Folktale
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Melhor Argumento
Melissa Mathison, The BFG
Eric Heisserer, Arrival
Rhett Reese e Paul Wernick, Deadpool
Jon Spaihts, Scott Derrickson e C. Robert Cargill, Doctor Strange
Taylor Sheridan, Hell or High Water
Chris Weitz e Tony Gilroy, Rogue One: A Star Wars Story
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Melhor Montagem
Jeffrey Ford e Matthew Schmidt, Captain America: Civil War
John Gilroy, Colin Goudie e Jabez Olssen, Rogue One: A Star Wars Story
Stefan Grube, 10 Cloverfield Lane
Michael Kahn, The BFG
Mark Livolsi, The Jungle Book
Joe Walker, Arrival
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Melhor Música
Michael Giacchino, Doctor Strange
Michael Giacchino, Rogue One: A Star Wars Story
James Newton Howard, Fantastic Beasts and Where to Find Them
Justin Hurwitz, La La Land
Thomas Newman, Passengers
John Willians, The BFG
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Melhor Design de Produção
Rick Carter e Robert Stromberg, The BFG
Doug Chiang e Neil Lamont, Rogue One: A Star Wars Story
Stuart Craig, Fantastic Beasts and Where to Find Them
Guy Hendrix Dyas, Passengers
Owen Paterson, Captain America: Civil War
Charles Wood, Doctor Strange
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Melhor Guarda-Roupa
Colleen Atwood, Alice Through the Looking Glass
Colleen Atwood, Fantastic Beasts and Where to Find Them
Alexandra Byrne, Doctor Strange
David Crossman e Glyn Dilloin, Rogue One: A Star Wars Story
Sang-gyeong Jo, Ah-ga-ssi
Joanna Johnston, The BFG
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Melhor Caracterização
Jeremy Woodhead, Doctor Strange
Nicky Knowles, Fantastic Beasts and Where to Find Them
Amy Byrne, Rogue One: A Star Wars Story
Monica Huppert e Joel Harlow, Star Trek Beyond
Allan Apone, Jo-Ann MacNeil e Marta Roggero, Suicide Squad
Charles Carter, Rita Ciccozzi e Rosalina Da Silva, X-Men: Apocalypse
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Melhores Efeitos Especiais Visuais
Louis Morin e Ryal Cosgrove, Arrival
Joe Letteri e Joel Whist, The BFG
Stephane Ceretti, Richard  Bluff, Vincent Cirelli e Paul Corbould, Doctor Strange
Tim Burke, Christian Manz e David Watkins, Fantastic Beasts and Where to Find Them
Robert Legato, Adam Valdez, Andrew R. Jones e Dan Lemmon, The Jungle Book
John Knoll, Mohen Leo, Hal Hickel e Neil Corbould, Rogue One: A Star Wars Story
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Televisão
Melhor Série de Ficção Científica
The 100
Colony
The Expanse
Falling Water
Incorporated
Timeless
Westworld
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Melhor Série de Fantasia
Beyond
Game of Thrones
The Good Place
Lucifer
The Magicians
Outlander
Preacher
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Melhor Série de Terror
American Horror Story: Roanoke
Ash vs. Evil Dead
The Exorcist
Fear the Walking Dead
Teen Wolf
The Vampire Diaries
The Walking Dead
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Melhor Série de Acção/Thriller
Animal Kingdom
Bates Motel
Designated Survivor
The Librarians
Mr. Robot
Riverdale
Underground
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Melhor Série de Supér-Heróis
Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D.
Arrow
The Flash
Gotham
Legion
Supergirl
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Melhor Estreia em Televisão
11.22.63
Channel Zero
Doctor Who: The Return of Dr. Mysterio
Mars
The Night Manager
Rats
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Melhor Série Novos Canais
Bosch
Marvel's Daredevil
Marvel's Luke Cage
The Man in the High Castle
A Series of Unfortunate Events
Stranger Things
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Melhor Série ou Filme de Animação em Televisão
Bojack Horseman
Family Guy
The Little Prince
The Simpsons
Star Wars: Rebels
Trollhunters
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Melhor Actor em Série
Bruce Campbell, Ash vs. Evil Dead
Mike Colter, Marvel's Luke Cage
Charlie Cox, Marvel's Daredevil
Grant Gustin, The Flash
Sam Heughan, Outlander
Freddie Highmore, Bate's Motel
Andrew Lincoln, The Walking Dead
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Melhor Actriz em Série
Melissa Benoist, Supergirl
Caitriona Balfe, Outlander
Kim Dickens, Fear the Walking Dead
Vera Farmiga, Bates Motel
Lena Headey, Game of Thrones
Sarah Paulson, American Horror Story: Roanoke
Winona Ryder, Stranger Things
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Melhor Actor Secundário em Série
Linden Ashby, Teen Wolf
Mehcad Brooks, Supergirl
Kit Harrington, Game of Thrones
Ed Harris, Westworld
Lee Majors, Ash vs. Evil Dead
Norman Reedus, The Walking Dead
Jeffrey Wright, Westworld
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Melhor Actriz Secundária em Série
Kathy Bates, American Horror Story: Roanoke
Danai Gurira, The Walking Dead
Melissa McBride, The Walking Dead
Thandie Newton, Westworld
Candice Patton, The Flash
Adina Porter, American  Horror Story: Roanoke
Evan Rachel Wood, Westworld
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Melhor Intérprete Jovem em Série
K.J. Apa, Riverdale
Millie Bobby Brown, Stranger Things
Max Charles, The Strain
Alycia Debnam-Carey, Fear the Walking Dead
Lorenzo James Henrie, Fear the Walking Dead
Chandler Riggs, The Walking Dead
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Melhor Interpretação Especial
Ian Bohen, Teen Wolf
Tyler Hoechlin, Supergirl
Anthony Hopkins, Westworld
Leslie Jordan, American Horror Story: Roanoke
Jeffrey Dean Morgan, The Walking Dead
Dominique Pinon, Outlander
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Os vencedores serão conhecidos numa cerimónia a realizar no próximo dia 28 de Junho em Burbank, na Califórnia.
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quinta-feira, 13 de abril de 2017

James Harris

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1980 - 2017
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Festa do Cinema Italiano 2017: os vencedores

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Terminou hoje a décima edição da Festa do Cinema Italiano que decorria no Cinema São Jorge, em Lisboa desde o passado dia 5 de Abril aquando da estreia nacional de Fai Bei Sogni, de Marco Bellocchio.
Hoje, precedendo a exibição de In Guerra per Amore, de PIF foram anunciados os vencedores da décima edição encontrando, entre eles, alguns dos vencedores da última edição dos David di Donatello entregues pela Academia Italiana de Cinema. São eles:
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Prémio do Júri: Fiore, de Claudio Giovannesi
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Menção Honrosa: La Ragazza del Mondo, de Marco Danieli
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Prémio do Público: Un Bacio, de Ivan Cotroneo
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quarta-feira, 12 de abril de 2017

Indivisibili (2016)

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Indivisibili de Edoardo De Angelis é uma longa-metragem italiana presente na décima edição da Festa do Cinema Italiano a decorrer no Cinema São Jorge, em Lisboa e uma múltipla vencedora da última edição dos David di Donatello - seis troféus incluindo Melhor Actriz Secundária e Melhor Argumento Original - atribuídos anualmente pela Academia Italiana de Cinema.
Viola (Marianna Fontana) e Daisy (Angela Fontana) são duas irmãs gémeas siamesas que cantam em casamentos e demais festas locais contribuindo, desta forma, para o único rendimento de toda a família. Mas no dia em que um médico diz que as pode operar tornando-as independentes uma da outra, as suas vidas transformam-se dando lugar a uma potencial história de descoberta e individualidade.
O realizador Edoardo De Angelis, aqui também em funções de argumentista juntamente com Nicola Guaglianone e Barbara Petronio, dá corpo a uma história que vai muito para lá de um desejo de indepedência e afirmação ou, pelo menos, mescla-as de forma a que todas sejam elementos fundamentais para o desenvolvimento das suas personagens, das suas ambições, aspirações e desejos. Desde o primeiro instante que o espectador assume o contexto geográfico desta longa-metragem como aquele de um local empobrecido e marcado pelas diferentes dificuldades económicas que atravessam a sua população. Por outras palavras, aqui sobrevive quem tem esperteza, alguns meios ou recursos que pode pôr em prática distanciando-se das misérias que esperam "lá fora". Assistimos a praias desertas longe de grandes destinos turísticos mas onde dão à costa homens e mulheres vindos de África e que ali sobrevivem à custa de negócios não tão legais. De prédios abandonados que são residência desses migrantes à aparente prostituição que parece abundar a todas as esquinas, o espectador observa o contraste com as grandes festas das famílias mais ricas mas que, ao que se percebe, são uma ínfima parte de todo aquele espaço.
É neste contexto que nos são apresentadas as duas irmãs gémeas "Viola" e "Daisy". A sua voz e condição física são o atractivo para os demais que lhes confere - e família - a subsistência necessária e, como tal, aquilo que seria de uma imediata transformação passa a factor que prevalece para que este suposto nível de vida se mantenha, ou seja, se a deficiência física é um bónus para a entrada de dinheiro... será que o mesmo deve ser alterado?! De "atracção" a um problema cuja vontade de alterar aumenta a cada instante que passa, as duas gémeas ponderam sobre a possibilidade de uma vida separada. Como poder existir sem a presença da outra, de beber, fumar, namorar, fazer amor sem que tenham uma companhia que, para aquele instante, não é desejada... Mas, ao mesmo tempo, esta vontade - ou necessidade?! - de mudança começa a intrometer-se nos desejos e vontades de um pai (e de toda uma família na verdade) que vêem uma potencial fonte de rendimento e da sua própria subsistência a desaparecer. Num meio onde impera a miséria e a degradação, como poderá esta família lidar com a súbita (ou talvez não) vontade de mudança das filhas que, até então, têm servido como atracção "turística", fonte de rendimento e até mesmo ícones de uma (nova) religião que delas faz mártires?
É então que entra a segunda vertente desta história. Uma história de duas jovens mulheres que partilharam a vida... toda a sua vida... lado a lado sem qualquer noção a propósito de privacidade. Desconhecem o que é ter amizades e, menos ainda, amizades a título individual visto que para onde uma vai... a outra segue. Nunca fizeram uma refeição sem ser na mútua presença, nunca tiveram um comportamento de higiene onde a outra não esteja ou tão pouco uma cama onde possam dormir separadas. Tudo nas suas vidas é feito na constante presença da outra. Será que numa idade onde aparecem as primeiras paixões, os primeiros desejos - os instantes iniciais de Indivisibili revelam muito - e as primeiras necessidades de um afecto que não parental ou fraternal despertam nelas (pelo menos numa), não poderá revelar que algo precisa de ser resolvido a propósito da sua condição física?
Se as duas irmãs são idênticas fisicamente, os seus comportamentos denotam uma notória diferença. Se o espectador presencia uma "Viola" controlada, submissa aos desejos da família e até reticente quanto à separação de uma irmã a quem se habituou ter "por perto", já "Daisy" exala rebeldia, vontade própria, uma necessidade de se afirmar ao mundo, à família e principalmente a ela própria que contrasta em absoluto com a passividade de uma "Viola" que apenas quer estar "bem". Mas, no entanto, num mundo onde o normal é uma vida marginal da sociedade onde reina o dinheiro e os favores, poderá o amor (ou a sua ideia) e a sua individualidade reinar e ter alguma última palavra?! Poderá a vontade de comer um gelado, viajar, dançar, fazer amor ou beber sem ter medo que afecte a outra ter algum voto final? E no fundo, a grande e última questão será... poderão elas continuar a crescer - enquanto indivíduos a solo - se a outra não estiver por perto? Quem são "Viola" e "Daisy" afinal? Poderão elas descobri-lo num mundo onde a sua condição física tem determinado a subsistência económica de tantos?
De toda uma conjuntura sócio-económica que pode ser facilmente detectada por inúmeros pequenos detalhes e que compõem, de certa forma, uma importante parte deste argumento a toda uma reflexão não menos importante sobre a individualidade e o indivíduo enquanto uno, Indivisibili prima por ser uma história francamente original e que permite ao espectador questionar-se sobre o "eu" interior e aquilo que faz dele a pessoa que é... como o seu meio contribuiu para essa formação e, em última análise, em que medida seria diferente se qualquer um desses pequenos detalhes fosse alterado ou, na realidade, nunca tivesse existido enquanto tal.
Indivisibili poderia portanto ser uma história sobre o meio... sobre uma qualquer actualidade que ali parece passear-se pelas fronteiras de um território não conhecido (a tal terra de ninguém talvez...)... sobre a individualidade... sobre aqueles que vivem nas margens.... sobre os que tentam sobreviver... sobre os que se acomodam a uma situação fazendo dela o bode expiatório da sua existência. Indivisibili poderia ser simplesmente uma história sobre como e quando crescer... sobre aquele preciso momento em que cada um de nós decide finalmente tomar uma medida pelas suas próprias mãos - medida essa que "Daisy" comprova ser o acto último de um desespero então compreendido - controlando assim a sua vida e existência... No então Edoardo De Angelis decidiu (e bem) que Indivisibili seria sim um pouco disto tudo.
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8 / 10
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Toshio Matsumoto

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1932 - 2017
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Charlie Murphy

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1959 - 2017
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Michael Ballhaus

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1935 - 2017
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terça-feira, 11 de abril de 2017

Lola 2017 - Academia Alemã de Cinema: os nomeados

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Foram divulgados há dias os nomeados aos Lola, prémios entregues anualmente pela Academia Alemã de Cinema destacando-se Die Blumen von Gestern, de Chris Kraus com oito nomeações. Wild, de Nicolette Krebitz segue-se-lhe com sete nomeações e Toni Erdmann, de Maren Ade, com seis.
São todos os nomeados:
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Melhor Filme
24 Wochen, Melanie Berke, Tobias Büchner e Thomas Kufus (prods.)
Die Blumen von Gestern, Danny Krausz e Kathrin Lemme (prods.)
Toni Erdmann, Janine Jackowski, Jonas Dornbach e Maren Ade (prods.)
Tschick, Marco Mehlitz (prod.)
Wild, Bettina Brokemper (prod.)
Willkommen bei den Hartmanns, Quirin Berg, Max Wiedemann, Simon Verhoeven e Michael Verhoeven (prods.)
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Melhor Documentário
Berlin Rebel High School, Alexander Kleider e Daniela Michel (prods.)
Cahier Africain, Stefan Tolz e Peter Spoerri (prods.)
No Land's Song, Gunter Hanfgarn, Rouven Rech e Teresa Renn (prods.)
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Melhor Filme Juvenil
Auf Augenhöhe, Martin Richter e Christian Becker (prods.)
Timm Thaler oder das Verkaufte Lachen, Oliver Berben e Martin Moszkowicz (prods.)
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Melhor Realizador
Anne Zohra Berrached, 24 Wochen
Chris Kraus, Die Blumen von Gestern
Maren Ade, Toni Erdmann
Nicolette Krebitz, Wild
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Melhor Actor Protagonista
Bruno Ganz, In Zeiten des Abnehmenden Lichts
Lard Eidinger, Die Blumen von Gestern
Peter Simonischek, Toni Erdmann
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Melhor Actor Secundário
Rainer Bock, Einsamkeit und Sex und Mitleid
Martin Feifel, Die Welt der Wunderlichs
Georg Friedrich, Wild
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Melhor Actriz Protagonista
Sandra Hüller, Toni Erdmann
Julia Jentsch, 24 Wochen
Lilith Stangenberg, Wild
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Melhor Actriz Secundária
Fritzi Haberlandt, Nebel im August
Eva Löbau, Einsamkeit und Sex und Mitleid
Sigrid Marquardt, Die Blumen von Gestern
Christiane Paul, Die Welt der Wunderlichs
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Melhor Argumento
24 Wochen, Carl Gerber e Anne Zohra Berrached
Die Blumen von Gestern, Chris Kraus
Einsamkeit und Sex und Mitleid, Lars Montag e Helmut Krausser
Toni Erdmann, Maren Ade
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Melhor Montagem
Toni Erdmann, Heike Parplies
Tschick, Andrew Bird
Wild, Bettina Böhler
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Melhor Fotografia
Die Blumen von Gestern, Sonja Rom
Paula, Frank Lamm
Tschick, Rainer Klausmann
Wild, Reinhold Vorschneider
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Melhor Música Original
Das Kalte Herz, Oli Biehler
Marie Curie, Bruno Coulais
Timm Thaler oder das Verkaufte Lachen, Johannes Repka
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Melhor Som
Das Kalte Herz, Lars Ginzel, Benjamin Hörbe e André Zacher
Timm Thaler oder das Verkaufte Lachen, Stefan Busch, Michael Kranz e Peter Schmidt
Tschick, Lars Ginzel, Kai Lüde e Kai Tebbel
Wild, Rainer Heesch, Christoph Schilling e Martin Steyer
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Melhor Design de Produção
Die Blumen von Gestern, Silke Buhr
Nebel im August, Christoph Kanter
Paula, Tim Pannen
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Melhor Guarda-Roupa
Die Blumen von Gestern, Gioia Raspé
Marie Curie, Christophe Pidre e Florence Scholtes
Paula, Frauke Firl
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Melhor Caracterização
Das Kalte Herz, Kathi Kullack
Marie Curie, Waldemar Pokromski
Paula, Astrid Weber e Hannah Fischleder
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Os vencedores dos Lola 2017 serão conhecidos numa cerimónia a realizar no próximo dia 28 de Abril.
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segunda-feira, 10 de abril de 2017

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domingo, 9 de abril de 2017

Peter Hansen

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1921 - 2017
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IFTA - Irish Film & Television Academy Awards 2017: os vencedores

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Foram hoje anunciados os vencedores dos IFTA, prémios entregues anualmente pela Academia Irlandesa de Cinema e de Televisão. Entre os vencedores A Date for Mad Mary que arrecadou o troféu para o Melhor Filme do Ano, Ruth Negga por Loving e a série Vikings.
São todos os vencedores:
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Filme: A Date for Mad Mary, de Juliette Bonass e Ed Guiney
Documentário: Mattress Men, de Dave Clarke e Ciarán Deeney
Filme de Animação: Second to None, de Vincent Gallagher
Série: Vikings, de Morgan O'Sullivan e James Flynn
Curta-Metragem: Heartbreak, de Dave Tynan
Realizador: Richie Smyth, The Siege of Jadotville
Realizador TV: Dathaí Keane, An Klondike
Actor: Colm Meaney, The Journey
Actor TV: Cillian Murphy, Peaky Blinders
Actriz: Ruth Negga, Loving
Actriz TV: Amy Huberman, Striking Out
Actor Secundário: Jason O'Mara, The Siege of Jadotville
Actor Secundário TV: Ned Dennehy, An Klondike
Actriz Secundária: Charleigh Bailey, A Date for Mad Mary
Actriz Secundária TV: Charlie Murphy, Happy Valley
Revelação: Patrick Gibson
Argumento: Peter Foot, The Young Offenders
Argumento TV: James Phelan, Wrecking the Rising
Montagem: I Am Not a Serial Killer, Nick Emerson
Fotografia: Nocturnal Animals, Seamus McGarvey
Música Original: The Secret Scripture, Brian Byrne
Som: Tomato Red, Niall Brady, Ken Galvin e Steve Fanagan
Design de Produção: The Secret Scripture, Derek Wallace
Guarda-Roupa: Consolata Boyle, Florence Foster Jenkins
Caracterização: Vikings, Dee Corcoran e Tom McInerney
Efeitos Visuais: The Siege of Jadotville, Tim Chauncey
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sábado, 8 de abril de 2017

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sexta-feira, 7 de abril de 2017

Tim Pigott-Smith

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1946 - 2017
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Veloce come il Vento (2016)

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Veloce come il Vento de Matteo Rovere é uma longa-metragem italiana vencedora de seis David di Donatello atribuídos anualmente pela Academia Italiana de Cinema entre os quais o de Melhor Actor e Melhor Montagem, de um total de quinze nomeações, e que foi exibido no âmbito da décima edição da Festa de Cinema Italiano que decorre no Cinema São Jorge, em Lisboa até ao próximo dia 13 de Abril.
Giulia (Matilda De Angelis) é, aos dezassete anos, uma jovem promessa do circuito GT. No entanto, com a súbita e inesperada morte do seu pai, Giulia vê-se dependente de Loris (Stefano Accorsi), um irmão toxicodependente e ex-campeão da mesma competição em que ela agora participa, mas que mal conhece.
Entre cedências e compromissos, os dois irmãos iniciam um caminho de auto-descoberta de forma a poderem manter a casa de família e esperarem pela oportunidade de um potencial melhor futuro.
Tido como um dos grandes sucessos comerciais do cinema italiano do último ano, Veloce come il Vento apresenta uma história baseada em factos reais mas que, pelo seu fundo "desportivo" é um pouco atípica do cinema transalpino. No entanto, reduzir esta longa-metragem à "etiqueta" de filme sobre desporto seria demasiadamente injusta e pouco correcta na medida em que ela é, acima de tudo, uma história sobre a descoberta de uma família que, como tantas outras, funciona na sua disfuncionalidade. Por outras palavras, Veloce come il Vento apresenta como palco de uma acção o tal fundo desportivo que funciona, no entanto, como o elo de ligação entre personagens com pouco que os una para lá do desporto em si. No entanto, aquilo que é apresentado nesta longa-metragem é a história de sobrevivência dos seus intervenientes... Primeiro de "Giulia" como alguém que quer preservar o pouco património que ainda detém - juntamente com "Nico" o irmão mais novo - enquanto que para "Loris" esta poderá ser (a seu tempo), a única e última oportunidade que tem para poder reivindicar o estatuto desportivo que anteriormente detivera e com isso algum respeito.
A dinâmica entre os dois irmãos não poderia começar da pior forma. De estranhos a indiferentes consideram-se mutuamente como entraves a uma vida tranquila. Se ela pretende que ele incomode o menos possível dentro da casa que então partilham, "Loris" deseja que ela cumpra um conjunto de regras que estão inerentes à sua condição enquanto "chefe de família". Esta relação, que começa da pior forma possível, vai lentamente sendo adulterado pela compreensão de que estão todos numa situação precária... ela e o irmão mais novo podem ser enviados para uma casa de acolhimento enquanto que todos, "Loris" incluído, podem perder a casa de família e, como tal, todos os laços que possam ainda marcar esta inesperada família.
Com a pouca sorte sempre por perto e habituados à perda e à derrota, esta jovem família parece ter o seu destino traçado e marcado pela separação. Pouco podem fazer contra a derrocada de maus momentos que se abate sobre eles e se para "Loris" a droga parece ser então a sua última oportunidade, para "Giulia" e "Nico" é a institucionalização que os aguarda mas é nesta espiral de maus momentos e onde nada têm a perder que finalmente surge uma luz ao fundo do túnel.
Independentemente de Veloce come il Vento conseguir ser uma história dinâmica - e comercial quanto baste - não será menos correcto afirmar que é a tal vertente familiar (ainda que, na minha opinião, merecesse ser mais explorada) poderia e deveria ter sido explorada não como um pano de fundo para o evento desportivo que decorre de forma paralela. Pergunto-me, enquanto espectador, se não existissem os momentos de competição automobilística, se a trama dramática de Veloce come il Vento conseguiria resistir e apresentar a longa-metragem coerente que aqui é apresentada por Rovere... Ou seja, até que ponto esta tensão dramática familiar aqui encorpada com as interpretações de Accorsi e De Angelis resistiria se os dois irmãos fossem "simples" pessoas sem um passado ligado a um acontecimento desportivo que aqui se assume como que de uma personagem de carne e osso se tratasse. Conseguiria esta história resistir se se desenrolasse apenas no interior daquelas quatro paredes ou num ambiente potencialmente degradado do submundo da droga sem que tivesse a substância da competição por detrás?! Será que a dinâmica de "acção encontra competição" não contribui para deixar esta longa-metragem sobreviver à tona da água?
Com três dos seus desempenhos nomeados ao David di Donatello - Accorsi enquanto Actor Protagonista, De Angelis como Actriz Protagonista e ainda Roberta Mattei como Actriz Secundária -, o de Melhor Actor foi justamente entregue (pela segunda vez) a Accorsi que aqui tem não só uma transformação física latente como a capacidade de encarnar a alma destruída de um homem que tivera - outrora - desejos, ambições e sonhos que foram (não sabemos como ou quando) destruídos... Tenha sido pelo seu incumprimento, desistência ou até mesmo como uma consequência da sua dependência de drogas pesadas, Accorsi cria uma estranha empatia com o espectador que o mantém por perto e a desejar que finalmente tenha chegado a sua vez de manter um espírito livre e recuperado da prisão a céu aberto que é a sua dependência.
Com dois fortes elementos técnicos no seu Som - também vencedor do David - e na Música da autoria de Andrea Farri que captam um certo dinamismo da acção e da história mantendo o espectador preso ao ecrã, Veloce come il Vento vive sobretudo da apurada interpretação de Accorsi e da proximidade que mantém com o seu público pela vertente de história real aqui levada ao ecrã com um estruturado e competente argumento escrito pelas mãos de Rovere, Filippo Gravino e Francesca Manieri que nem apela ao sentimentalismo nem tão pouco vitimiza nenhuma das suas personagens mantendo-as tão detestáveis ou adoráveis conforme os momentos em que a vida os vai surpreendendo.
Longe de um estereótipo de cinema italiano de autor ou mesmo da premissa de grande drama urbano. Veloce come il Vento conquista o seu público pela forma como aproxima as dificuldades das suas personagens àquelas tidas por tantas outras pessoas que (des)esperam pelo dia que lhes traga algum tipo de oportunidade.
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7 / 10
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quinta-feira, 6 de abril de 2017

Un Bacio (2016)

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Un Bacio de Ivan Cotroneo é uma longa-metragem italiana e uma das presentes na décima edição da Festa do Cinema Italiano que decorre no Cinema São Jorge, em Lisboa até ao próximo dia 13 de Abril.
Blu (Valentina Romani), Antonio (Leonardo Pazzagli) e Lorenzo (Rimau Ritzberger Grillo), são três jovens adolescentes com um passado atribulado. Rejeitados pelos colegas da mesma escola desenvolvem uma amizade que os leva a partilhar um mesmo caminho e, possivelmente, encontrar um dia melhor numa escola onde não se sentem inseridos.
Num mundo adolescente sempre em convulsão, conseguirá esta amizade sobreviver aos preconceitos que espreitam de todos as esquinas?
O realizador e também argumentista em parceira com Monica Rametta, apresenta ao espectador uma história que tem os lugares comuns habituais e não é necessariamente uma história original ou que já não tenha sido filmada. Pelo contrário, Un Bacio é uma simpática "cópia" de tantas outras longa-metragens que nos chegam em quantidades industriais vindas do outro lado do Atlântico e que ganham muito mais mediatismo do que esta alguma vez conseguirá. No entanto, o não ser assumidamente original não é um defeito que prejudique a sua narrativa ou mensagem. Pelo contrário, o espectador ao constatar que aqui está "mais um" história sobre a "sobrevivência" adolescente no terrível e pesado ambiente estudantil é motivo o suficiente para perceber que algo está - continua ?! - mal para ainda serem necessárias estas histórias que esperam servir de retrato (e modelo) para aquilo que não deveria acontecer.
Todos eles com um ambiente familiar relativamente saudável - afinal, qual é a família que seja assumidamente funcional??? - "Blu", "Lorenzo" e "Antonio" são o retrato de famílias que poderiam ser desfeitas com a maior das facilidades. Se "Blu" vive com o rótulo de oferecida e "Lorenzo" com o de homossexual ambos alvo das piadas e chacota dos colegas, "Antonio" não escapa à imagem de um pobre inadaptado irmão de alguém popular que ele nunca conseguirá igualar. No seio de uma escola que espreita para destruir o próximo indefeso, é a mais ou menos improvável união destes três adolescentes que, de certa forma, os irá fazer recordar num futuro que afinal os anos de "secundária" não foram assim tão maus como tantos os pintam.
No entanto, há sempre algo que fica para trás... por dizer... por exprimir... "Blu" é uma jovem que, para lá da sua aparente agressividade, se apaixonou por um rapaz mais velho que, juntamente com amigos, a forçou sem o seu conhecimento a um vídeo que a compromete. "Antonio" vive perdido no seu aparente anonimato à sombra da imagem de um irmão que todos adoravam e que é, para ele, o único conselheiro que todas as noites o "visita" no seu quarto como que uma voz da consciência que ele perdeu... e de certa forma, o primeiro sinal de um atrofio mental que passa despercebido a todos, levando o espectador a questionar-se sobre a velha questão... quando morre um filho e toda a atenção é direccionada para os pais que não têm consolo... será que alguém se lembra dos demais filhos que, também eles, perderam uma parte de si? E finalmente temos "Lorenzo"... jovem adoptado a quem a sua sexualidade é - para os demais - o principal rótulo que facilmente lhe colocam. Para lá de o conhecerem e perceberem a pessoa fantástica (ou não) que é, apenas é voluntariamente visível o tal "rótulo" do qual se servem para uma marginalização e ostracização social que tanto lhes é conveniente.
É este improvável trio que se une e, para lá de uma amizade, desenvolve uma admiração e paixão de adolescência que poderia (poderá...) cair num potencial afastamento... Se "Lorenzo" ama "Antonio"... este ama "Blu" que por sua vez vive "enfeitiçada" por um tipo mais velho que pouco quer saber dela. Quando os sentimentos afectivos se tornam mais importantes, ou pelo menos mais evidentes, do que aqueles tidos enquanto amigos e companheiros apenas uma compreensão e aceitação própria poderá evitar que os mal-entendidos surjam e corrompam aquilo que fora, até então, construído.
Do preconceito social passado de geração em geração sem ser quebrado ou "educado", àquele tido pela pressão dos pares ou até mesmo auto-imposto como mecanismo de defesa perante um pensamento sobre o que os demais poderão achar, Un Bacio "resume-se" a isso mesmo... um beijo. Um acto irreflectido de um sentimento latente que é, pelo "outro" julgado como um afecto impossível (por vezes até sentido), mas proibido numa sociedade que considera apenas o dito "normal" como aceitável e o convencional como próprio. Uma sociedade que utiliza e manipula as fragilidades alheias para proveito próprio, ignorando propositadamente que por detrás de um rosto mais "rude" pode estar uma alma mais frágil disposta e disponível a sentir algo mais do que a conclusão imediata de um sentimento expresso em tão jovem idade.
Dos já conhecidos estereótipos aos julgamentos sem fundamento ou simplesmente da vontade de humilhar criando uma pirâmide "social" na mais elementar das estruturas pós-família como o é a da escola, Un Bacio retrata a vida para lá de quatro paredes de um conjunto de jovens que tem tudo para que os demais possam gostar deles mas que, por sua vez, quer pela sua diferença quer pela expressão de individualidade num grupo que se quer homogéneo são considerados apátridas sobre os quais se "deve" continuar a exercer a tal marginalização. E quando se diz que esta provém apenas dos pares... esquece o espectador também quanta ostracização não poderá chegar daqueles que todos os dias privam de mais perto com os alunos... os professores... também (muitos) eles emissários de uma normalização que deve ser acarinhada e difundida matando, quanto baste, a tal projecção de um "eu" que caracteriza cada um de "nós".
De um preconceito existente apenas nos olhos de quem vê (?) àquele que é disseminado em sociedade pelo "bom nome" de uma normalização a uma potencial surpresa que pode deixar o espectador perante os dois caminhos de "um momento", Un Bacio pode não ser a tal obra original dentro do género - poderá ainda haver alguma que o seja?! - mas, ainda assim, consegue ser um interessante espelho de uma sociedade que se diz - e pensa - ter evoluído mas que, no fundo, continua ainda presa a velhos preconceitos, velhas ideias de uma normalidade aceitável e pouco problemática e, na sua essência, apenas corrompe e destrói espíritos livres, independentes com potencial para viajar e voar mais alto... e para mais longe.
Com três interpretações co-protagonistas nesta história sobre a sobrevivência dentro e fora da escola, ou melhor, auto-sobrevivência num mundo que ultrapassa as paredes da referida escola - desde a família aos pares sem esquecer toda a sociedade "lá fora" que os espera - Un Bacio consegue equilibrar os seus momentos mais dramáticas com simpáticos segmentos musicias - a música sempre uma eterna companheira daqueles que nas suas letras revêem as suas vidas - e deixar o espectador a penas (espera-se) sobre os seus idos tempos de "escola" e todos aqueles que, à sua época eram, também eles, "diferentes" e capazes de ser originais.
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7 / 10
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Nenhum Nome (2010)

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Nenhum Nome de Gonçalo Waddington é uma curta-metragem portuguesa de ficção que conta a história do internamento de um homem após ter sofrido um acidente de automóvel e por quem a enfermeira que lhe dá assistência, desenvolve uma relação marcante mas, ao mesmo tempo, impessoal.
Sem qualquer tipo de diálogo, aliás, o único que se escuta está distorcido de forma a ser incompreensível, Nenhum Nome é uma curta-metragem para a qual o espectador terá de utilizar os seus demais sentidos principalmente a visão. Tudo deve ser observado... desde a forma como o homem que sofreu um acidente observa os primeiros instantes em que chega ao hospital ou até mesmo a forma impessoal com que este se apresenta distanciando os seus funcionários dos quais se destaca a enfermeira interpretada por Carla Maciel. A perspectiva de espaço entregue pela sua personagem é fundamental para que o espectador tenha uma percepção de que esta mulher, grávida de vários meses, se encontra num cruzamento entre a vida (que carrega) e a morte que a rodeia percorrendo de forma anónima e sem qualquer identidade todos aqueles corredores com inúmeras histórias sem nome - talvez uma alusão ao anonimato com que ela e aqueles que ajuda a curar se relacionam - revelando, no fundo, que todos estão relativamente abstraídos das demais realidades que presenciam diariamente.
Por outro lado, há pequenos indícios de que estas duas presenças sejam mais do que meros anónimos. Nenhum Nome inicia e termina de igual forma... com uma viagem por uma estrada numa noite escura. Uma viagem que parece não ter fim mas cujos viajantes se conhecem. Marido e mulher? Será aquele homem ali coberto de ligaduras o pai da criança que aquela enfermeira gera? Será ela a outra ocupante do automóvel? Será aquele hospital aparentemente desprovido de outros pacientes um purgatório - em terra?! - que os faz aguardar para uma nova passagem para outro lugar? Ali não existem nomes... nem pessoas... nem histórias... nem indícios de vida para lá da destas duas personagens. Nada indica que outros ali recorram ou sequer que ali estejam e apenas a chegada de um paciente faz adivinhar que estamos num hospital - com um breve cameo de Waddington - onde estas almas repousam, trabalham... ou esperam?
Com um intenso desempenho de Carla Maciel como uma mulher presa num limbo entre a vida e a morte (pensamos!), que faz tremer pelos seus silêncios e é cortante pelo seu olhar que penetra a alma de quem (a) vê, e uma direcção de fotografia de Carlos Lopes que "submerge" o espectador num ideal de purgatório - ou sala de espera?! - transformando aquilo que poderia ser um hospital numa superfície sem alma - ou por onde as almas caminham - fazendo apenas cruzar aquelas que (se) esperam por embarcar numa qualquer outra viagem... de carro rumo ao infinito, talvez!
Marco Martins e Gonçalo Waddington criam assim a história perfeita para o espectador contemplar. O que existe (ou existirá) para lá de uma presença terrena que pode terminar a qualquer momento? Iremos lá encontrar alguém que possamos reconhecer facilmente? Será que estamos realmente nesse outro universo que ninguém pode ou consegue descrever ou apenas num qualquer hospital onde se tenta recuperar de um inesperado acidente? Terá existido acidente? Estaremos à porta da morte? Continuará a existir vida para lá destas existências?
Entre o contemplativo e uma interpretação magistral de Carla Maciel, seria impossível esquecer e não mencionar a brilhante direcção de um magnífico actor que é Gonçalo Waddington que coloca os seus actores no centro de uma história dada à imaginação e à suposição dos seus espectadores, que transforma o ambiente real num potencial imaginado sem esquecer que tem uma história por contar e que (lhe) permite, pela sua incerteza, viajar pela imaginação mais ou menos "provocada" do espectador, por domínios que desconhece mas que acabam por se encontrar no tal "imaginado" de cada um de nós.
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8 / 10
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quarta-feira, 5 de abril de 2017

Fai Bei Sogni (2016)

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Sonhos Cor-de-Rosa de Marco Bellocchio é uma longa-metragem italiana e a escolhida para a cerimónia de abertura da 10ª edição da Festa do Cinema Italiano que decorre até ao próximo dia 13 de Abril no Cinema São Jorge, em Lisboa bem como por outras cidades do país.
Massimo (Nicolò Cabras) é um jovem introvertido cuja melhor amiga é a sua mãe. A mãe (Barbara Ronchi) é uma mulher bipolar que oscila entre uma alegria efusiva e uma tristeza latente deixando-a num limbo até à noite em que dele se despede e morre.
De regresso à Turim de 1999, Massimo (agora Valerio Mastandrea) é um repórter que atravessa diversos locais do globo mas que tem de arrumar a sua antiga casa. Massimo está solitário no mundo e ainda com perguntas por responder que serão marcantes para aquele sentimento que sempre o caracterizou.
Depois de Buongiorno, Notte (2003), Vincere (2009) e Sangue del Mio Sangue (2015), Marco Bellocchio adapta agora ao cinema o romance de Massimo Gramellini naquele que é uma tentativa de relatar a vida de um homem que se foi moldando a uma solidão constante ao longo do seu crescimento e envelhecimento, fruto de um evento traumático que nunca fora explicado ou compreendido. Aqui a história não se prende tanto com o passar dos anos de um homem, mas sim com a premissa de como um acontecimento específico pode moldar, ou até mesmo transformar radicalmente, toda a sua percepção de entrega, amor ou mesmo dedicação aos outros com quem se cruza. Incapaz de expressar da melhor forma os seus sentimentos, como e quem será este "Massimo" que, na realidade, poucos ou nenhuns conhecem como ele realmente é?
De jovem problemático e fechado no seu próprio mundo tendo única e exclusivamente como companhia o fantasmagórico "Belfagor" - livremente inspirado na obra de Maquiavel - que o "aconselhava" sobre o mundo que o rodeava, a um jornalista de sucesso pelas suas viagens a zonas de conflito ou correio psicológico num jornal de grande tiragem, "Massimo" está próximo de tantas realidades mas, ao mesmo tempo, distante de todas elas pela capacidade que tem de não depositar o seu "eu" sentimental nas mesmas. Como pano de fundo para este bloqueio sentimental está uma mãe "perdida" em jovem idade. Mãe essa que tenta encontrar numa empregada doméstica, na madrinha, na mãe de um amigo de infância, numa qualquer jovem com quem terá - eventualmente - algum tipo de relação sexual, na médica que o "salvou" de um ataque de pânico ou mesmo naquela mulher que na Sarajevo de '93 se encontrava assassinada no chão numa qualquer reportagem de guerra em que ele esteve presente. Em todas tenta encontrar a tal figura maternal que ele perdeu.
Para "Massimo" tudo é de registo... mas de tudo se deve manter distante. Com poucas probabilidades de se envolver com alguém, "Massimo" garante, ao mesmo tempo, a tal capacidade de não sentir que voltou a perder. Afinal, sentir é um risco demasiadamente grande para o ter de voltar a sentir. Desta forma, o seu distanciamento afectivo de todas estas mulheres garante-lhe uma existência mais tranquila... ainda que atormentada. Distante de todos inclusive de qualquer fé, a melhor resposta chega-lhe através de um dos seus professores - e padre - (interpretada por Roberto Herlitzka) quando lhe revela a necessidade de reagir à dor sem a silenciar ou alimentar mentiras para se manter "igual" a todos os demais. Para ele a perda é uma presença desde jovem... há que saber vivê-la e, futuramente, encará-la como uma parte do seu "eu" sem que, no entanto, esta o defina enquanto homem ou nas suas relações sentimentais ou profissionais.
O argumento de Valia Santella, Edoardo Albinati e Marco Bellocchio tenta de forma aprumada diferenciar esta premissa sobre a dor. Não uma dor física - que pode mais tarde ser - mas sim sobre a dor psicológica suscitada a partir do sentimento de abandono que, neste caso, uma jovem criança sentiu. A dor que o impediu de um crescimento igual ao dos outros, de ter quem lhe desse afecto, carinho e atenção - algo que nunca sentira com um pai distante talvez também pela sua própria dor e perda - e de, já em adulto, poder deixar-se entregar totalmente a uma relação sentimental. Nesta passagem, independentemente de qual o cenário que esteja por detrás do seu presente, "Massimo" deambula por um mundo onde a perda que testemunha não consegue ser tão grande ou avassaladora como a sua. A perda e o (auto)-isolamento que sente são de proporções bem superiores àqueles de quem atravessa uma guerra e uma morte brutal. Para ele, o simples facto de não se ter podido despedir da sua mãe é motivo suficiente para encarar na sua existência uma pena que cumpre. Por entre perguntas ocultadas e silêncios que o atormentam, o "Massimo" de Mastandrea é um homem desligado da realidade... de todas as realidades recebendo o conselho de um potencial par romântico com uma (pouco aproveitada) "Elisa" (Bérénice Bejo) de que para seguir em frente necessita, primeiro, de se libertar do fantasma da sua mãe que o persegue e atormenta.
No entanto, se a premissa sobre a dor parece ser um dos pontos fortes de Fai Bei Sogni esta, no entanto, é possivelmente a primeira longa-metragem de Bellocchio que se perde num sem fim de personagens secundárias que - eventualmente com a excepção de Herlitzka - não conseguem marcar a sua presença numa história onde todas (aparentemente) têm uma função determinante quer no passado quer no futuro de "Massimo". Desde um pai com sérios problemas de afectividade parental, a uma madrinha que vive num silêncio sobre o passado, relações fugazes sem destino fiável ou mesmo todos aqueles estrategicamente colocados no seu local de trabalho, nenhuma delas consegue ser de facto importante na dinâmica com "Massimo". Mais, Fai Bei Sogni vive quase exclusivamente de Nicolò Cabras - em jovem - e Mastandrea como o adulto "Massimo" e os dois, bem coordenados, seriam suficientes para que esta longa-metragem funcionasse sem grandes problemas.
De uma dispersão de intérpretes - grandes no cinema italiano - a uma premissa importante e que poderia - poderá? - justificar grandes traumas existenciais e humanos, Fai Bei Sogni conseguiu ainda arrecadar 10 nomeações aos David di Donatello atribuídos anualmente pela Academia Italiana de Cinema revelando-se, no entanto, como aquela obra de Bellocchio que poderia ter explorado mais - e melhor - todas as ricas personagens que giram em torno de "Massimo" tendo, também elas, todos os seus fantasmas a precisarem de ser exorcizados e sentindo, cada um à sua maneira, a dor de uma perda que era mais ou menos anunciada.
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7 / 10
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