quinta-feira, 11 de maio de 2017

The Trader (2017)

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The Trader de Manuel Alvarez Diestro e Sergio Belinchon é uma curta-metragem espanhola de ficção presente na secção Cantábria da oitava edição do Piélagos en Corto - Festival Internacional de Cortometrajes de Ficción que decorre até ao próximo dia 13 de Maio na região espanhola.
Um corretor da bolsa embarca numa estranha e improvável viagem numa busca pelo local onde pode finalmente libertar-se do mundo em que vive.
Claramente metafórica, esta curta-metragem espanhola dá corpo a todo um imaginário de reflexão do "homem" que se afasta - ou abandona? - do mundo atribulado em que vive. Ao longe o espectador escuta os ruídos de uma cidade em constante movimento, das suas várias ocupações aos seus vários habitantes "diurnos" e, por entre o mesmo, reina um permanente anonimato que o coloca - ao homem - num isolamento urbano entre tantos outros da sua espécie. Percorrendo toda uma planície acidentada, este homem atravessa todo um deserto - talvez o seu refúgio mental - que o posicionam distante do seu quotidiano e da sua rotina sem que, no entanto, abstraia o espectador daquele espaço de onde ele provém. Para o bem e para o mal estamos ali, com ele, numa cidade percebida mas não visível e, aos poucos, percebemos que ele é uma das suas partes mas não suficientemente importante para que dela se consiga distanciar... ela acompanha-o... ele vive-a... Ambos sentem-se.
Apenas percebemos que ele está brevemente abstraído do espaço quando, perante toda uma imensidão natural, aquele homem se despe como se no interior do seu espaço (talvez da sua casa) se encontrasse e entra na água como se da sua própria banheira se tratasse. Estará (será?) todo este ambiente natural como que um mero elemento subconsciente da vivência do Homem - no seu sentido lato - que o abraça como o seu escape mas o assume como o seu covil?
Dotado de uma direcção de fotografia que se assume como uma personagem silenciosa de The Trader e uma edição de som que compõem - e muito - toda a dinâmica da viagem que este homem enceta - afinal, é através do som que o espectador consegue captar muita da dimensão sensorial que se espera desta história -, a curta-metragem de Alvarez Diestro e Belinchon perde-se, no entanto, na sua incapacidade de relatar uma vertente de ficção que transmita facilmente o seu objectivo mantendo-se portanto numa plataforma experimental que confere ao seu público toda a manobra para interpretar livremente a sua mensagem. Este factor tanto lhe permite - ao espectador - perceber esta viagem como um espace voluntário de uma vida no rebuliço de uma cidade sempre em movimento (tal como o protagonista que avança rumo a nenhures de forma anónima) como, por sua vez, encará-la como uma viagem monótona, interminável e (in)voluntariamente exasperada permanecendo numa dinâmica de positivo versus negativo conferida pela percepção de cada um.
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6 / 10
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